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Opinião
27/08/2006 - 11h28
A história invisível
Olavo de Carvalho - Parlata
 

Distribuídas principalmente pela Reuters e pela Associated Press, dúzias de fotos adulteradas, forjadas em laboratório para dar ao público uma noção falsa da guerra no Líbano, têm sido publicadas como jornalismo confiável nas capas dos jornais e revistas de maior prestígio nos EUA, como New York Times e U. S. News & World Report, sem contar a infinidade de canais de TV que as exibem ao mundo como provas da maldade israelense.

Tomar partido contra Israel e contra seu próprio país, é coisa que os jornalistas americanos fazem desde a década de 60. A novidade é o emprego deliberado e constante de procedimentos de falsificação que eliminam qualquer hipótese de um mero automatismo preconceituoso. A grande mídia dos EUA tornou-se, deliberada e conscientemente, uma arma de guerra a serviço do inimigo.

Os jornais brasileiros endossam e reproduzem alegremente o material falsificado, sem se desmentir ou pedir desculpas, acumpliciando-se portanto a um crime de difamação em massa idêntico, na técnica e nas intenções, às grandes campanhas de guerra psicológica empreendidas pela KGB e pelo Ministério da Propaganda nazista nas décadas de 30 e 40.

Mas a identidade de procedimentos não deve nos induzir à impressão errônea de mera repetição de um precedente histórico. A propaganda nazista e comunista jamais conquistou tanto espaço na grande mídia ocidental, nem foi aceita tão facilmente como expressão da verdade, nem muito menos se tornou, fora das ditaduras sob domínio, a autoridade moral imune a contestações.

Conforme expliquei em artigos anteriores, a mídia adquire, no novo contexto estratégico, uma importância incomparavelmente maior que a do desempenho militar em combate, reduzido a estopim de grandes operações de manipulação psicológica. Estas são desencadeadas dentro do território do país visado e usando maciçamente os préstimos de seus próprios formadores de opinião.

Implicações imediatas e incontornáveis do fenômeno:

1) A classe jornalística como um todo, prevalecendo-se do prestígio e da liberdade inerentes às suas antigas funções, é a linha de frente das tropas assimétricas. Jornalistas, radialistas, profissionais do show business - mas também professores de todos os graus de ensino - compõem uma gigantesca Quinta-Coluna, alguns como colaboradores deliberados, outros intoxicados pela ilusão dos altos objetivos morais a que acreditam servir, muitos - a maioria - boiando entre esses dois extremos, na névoa difusa da falsa consciência que acaba por corrompê-los integralmente.

2) As noções usuais de "infiltração", "viés", "patrulhamento" etc., com que os críticos conservadores explicam as distorções ideológicas do noticiário tornam-se totalmente impotentes para descrever uma situação na qual a totalidade organizada da "grande mídia", com uma uniformidade e uma disciplina quase militares, camufla ou omite fatos essenciais, impondo toda uma cosmovisão falseada, perseverando na mentira por décadas a fio e tornando quase impossível a restauração da verdade após transcorrida uma geração.

É o quadro inteiro da realidade histórica que assim se torna secreto e inacessível, fazendo dos debates públicos uma fútil agitação de espumas à superfície de um oceano de inconsciência.


Nota do Editor: Olavo de Carvalho é jornalista e filósofo nascido em Campinas, Estado de São Paulo, em 29 de abril de 1947. Tem sido saudado pela crítica como um dos mais originais e audaciosos pensadores brasileiros. Professor de filosofia e diretor do Seminário de Filosofia do Centro Universitário da Cidade (RJ). Autor das obras "O Jardim das Aflições" e "O Imbecil Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras". Editor do site Mídia Sem Máscara.

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