Diagnóstico precoce pode salvar vidas
O aneurisma cerebral é uma dilatação anormal que se desenvolve na parede das principais artérias da circulação sanguínea cerebral. Com grande índice de mortalidade, a doença afeta 6% da população mundial, não tem sintomas nem formas de prevenção. De acordo com o neurocirurgião, chefe de neurorradiologia intervencionista dos Hospitais Mãe de Deus e Beneficência Portuguesa, Paulo Passos Filho, 60% dos pacientes morrem na hemorragia, e dos 40% que sobrevivem, 50% ficam com seqüelas graves. "A melhor forma de prevenção ainda é o diagnóstico precoce, de preferência antes de um sangramento", aconselha o especialista. São raros os casos em que um aneurisma é descoberto antes do rompimento. Para confirmar o diagnóstico, são necessários exames como a tomografia computadorizada e a angiografia cerebral. Paulo Passos afirma que hoje existe uma série de exames avançados e menos invasivos que garantem um diagnóstico precoce. "Muitas pessoas que têm dor de cabeça freqüente acabam fazendo o exame e descobrem a doença. Neste caso, a chance de cura é infinitamente maior", afirma. Pacientes com história familiar de aneurisma cerebral também devem consultar um especialista na tentativa de um diagnóstico. Forte e repentina dor de cabeça, enjôos, vômitos, perda de consciência e desmaios são alguns dos sinais mais freqüentes do rompimento de um aneurisma. Em razão da gravidade da hemorragia cerebral provocada pela ruptura do aneurisma, o tratamento deve ser realizado imediatamente. Existem duas formas de tratamento: a cirurgia convencional, que consiste na abertura do crânio e a colocação de clipe metálico na base do aneurisma; e a embolização endovascular, que não necessita da abertura do crânio e pode ser realizada com sedação. Na fase aguda, a cirurgia convencional provoca piora neurológica em aproximadamente 20% dos casos, em razão da oclusão temporária das artérias e pela retração do cérebro durante o ato operatório. A embolização endovascular consiste na introdução de um cateter pela virilha do paciente, contendo pequenas estruturas maleáveis feitas de platina e chamadas de molas ou espirais. Esse cateter percorre o corpo humano até chegar ao aneurisma cerebral. As molas são colocadas dentro da dilatação até preencher todo o seu espaço. "A embolização reduz as possibilidades de complicações graves no tratamento do aneurisma, demora menos de 2 horas e o paciente volta às atividades normais em uma semana", afirma Paulo Passos. Apesar de todos os benefícios, a técnica é pouco utilizada no Brasil. "O risco do tratamento endovascular é bem menor do que o da cirurgia convencional. Ainda assim, no Brasil menos de 10% da população é embolizada. Nos países desenvolvidos, 80% dos casos são tratados através da técnica endovascular", constata Paulo Passos, pioneiro na utilização desta técnica no Brasil. Nota: Médico especialista em neurocirurgia, Paulo Passos Filho utiliza a técnica de embolização endovascular; cirurgia não invasiva, que reduz consideravelmente possíveis traumas causados pela cirurgia convencional. Foi pioneiro na utilização deste procedimento para o tratamento de aneurisma cerebral no Brasil. Formado desde 1973 pela Fundação Faculdade de Ciências médicas de Porto Alegre, tem pós-graduação em Neurocirurgia na França e na Alemanha. Já realizou cerca de 2.500 procedimentos de embolização nos últimos 12 anos.
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