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COLUNISTA
Sidney Borges
29/06/2004 - 09h26
Explosão em Paris
 
 

Era uma tarde de verão azul e luminosa. Na estação ferroviária Gare du Nord, em Paris, minha mulher e eu esperávamos a hora de embarcar no trem que nos levaria a Amsterdã, na Holanda. Viagens de trem têm algo mais, são românticas, confortáveis e evocativas, sempre lembramos de algum detalhe da paisagem ou mesmo do que aconteceu a bordo.

Sendo possível prefiro esse meio de transporte. Os trens circulam desde o século XIX, as estações constituem registros permanentes de uma época em que a tecnologia das construções avançava no uso do aço. Vãos enormes foram vencidos com arcos, trabalhados com maestria arrojo e sensibilidade estética.

Nas capitais européias essas estações constituem obras de arte dignas de apreciação. Por outro lado há o contraste tecnológico fascinante, atestando a evolução do grande macaco branco destituído de pelos.

Os trens, embora abrigados em estações seculares, são veículos moderníssimos, competindo com os aviões na preferência dos viajantes. Na verdade levam vantagem quando se trata de percursos curtos.

De Londres para Paris, por exemplo. Se a viagem é feita de avião, deve ser contado o tempo de deslocamento entre a cidade e o aeroporto. Londres dispõe de três aeroportos internacionais, Gatwick, Heatrow e Stanstead, alcançáveis em viagens que duram no mínimo uma hora. O vôo em si, descontado o tempo de espera para o embarque, dura pouco mais de trinta minutos.

Em Paris, o aeroporto Charles de Gaulle fica longe da cidade, mais uma hora de viagem. No total, no mínimo três horas. De trem, embarca-se na Waterloo Station, em Londres e três horas depois se desembarca na Gare du Nord, em Paris, no centro da cidade. Com a aventura de passar sob o Canal da Mancha!

Dessa mesma estação partem os trens que vão para a Bélgica, Holanda, Alemanha e Escandinávia. Era um desses que estávamos aguardando. Na nossa frente, esperando junto ao cordão de isolamento uma senhora extremamente bem-vestida segurava a guia de um cão negro de grande porte.

O canídeo tinha características dos pastores alemães, era porém, maior e mais peludo e o pelo era preto azulado, da cor da asa da graúna. De repente aconteceu o inesperado, uma explosão terrível deixou a todos atônitos.

Policiais surgiram de todos os lados, correndo e apitando, procurei ansioso o inspetor Clouseau, que não apareceu, decerto caçava panteras. Aliás, em Paris o que não falta são policiais na rua, onde quer que você vá encontrará pares deles, em constante vigília.

Voltando à explosão; quem tem cachorro sabe o desconforto que o barulho causa aos sensíveis ouvidos desses animais. Fixei a atenção no cão que ficou desesperado. O medo foi tanto que resultou num cocô proporcional ao seu tamanho, no meio da plataforma.

Na seqüência foi aberta a passagem para o embarque. As pessoas não viram e caminharam por cima do cocô, desfazendo-o com as rodinhas das malas, deixando um rastro esverdeado plataforma afora. Nós que sabíamos do problema conseguimos desviar, esperamos a correria acalmar e caminhamos com cuidado, desviando do campo minado.

Também não usamos o compartimento das malas onde havia uma grande confusão com gente maldizendo a vida em diversas línguas.

Nunca saberei a causa da explosão, seguramente não foi nada importante, nenhum jornal noticiou. Ainda hoje me pergunto, teria sido obra de algum Bin Laden anônimo?


Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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