Há muitas situações que realmente não temos como responder de modo intempestivo e isso de modo algum é ruim, pelo contrário, é muito bom. Somente um idiota tenta responder a todas as perguntas que lhe são feitas, pois somente um idiota tem respostas pra tudo. E o que é pior! Todo idiota pensa que todas as pessoas a sua volta também sejam o que ele pensa que não é, por isso, procura explicar tintim por tintim as suas idiotices para que todos tenham certeza do que ele é realmente, mesmo que ele não saiba o que é. Isto, de certo modo é bom, pois quanto mais inconsciente de sua condição ele se torna mais idiota ele se revela. O filósofo moralista francês La Rochefoucoult afirmava, de modo lacônico, que o que torna o homem ridículo é o fato dele fingir ser o que de modo algum seria. Eis aí os nossos idiotas para comprovar este dito que perenemente tentam tratar os outros com um patético ar de superioridade apolínea como se a sociedade em um todo fosse um aberrante erro, sem reconhecer-se como uma das mais gritantes aberrações da natureza. O horário eleitoral é um momento magnífico para vermos esse ridículo humano desfilar frente as nossas vistas, mas não é o único. Todos nós, bem em nosso íntimo, nos revelamos em nossa idiotice existencial, fingindo para sobreviver sem nos tocarmos que para existir dignamente basta-nos uma boa pitada de sinceridade conosco mesmo. Mas, se a idiotice é universal que, pelo menos, em alguns instantes de nossas vidas, a sapiência seja singular, para que não sejamos mais idiotas do que somos e que, tolamente, nos esforçamos em ser.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
|