O toque do telefone nunca tinha sido tão perturbador. Exatamente às 6h a notícia que ninguém gostaria de receber. "Ele não está mais entre nós". A cadeira está vazia, a rua não tem mais referência. As obrigações vão mudar e até tudo se ajeitar a tristeza vai rondar os lares que sofreram com a notícia. Triste manhã de quinta-feira, em que o sol preferiu não sair tão cedo. Um 15 de agosto que poderia ter sido lavado com chuva, não com lágrimas. Não é fácil se conformar, a dor da perda pesa como chumbo e a saudade reacende lembranças. O pior é saber que momentos como esse ainda vão se repetir para todos. Cada vez as feridas serão maiores, e as cicatrizes vão se fechar com mais dificuldade. É preciso saber que a vida continua. Aliás, todos nós sabemos disso. O difícil é saber que as marcas que ficam serão levadas para sempre. E sempre vai ser preciso começar de novo. Nota do Editor: Tatyane Fávero é jornalista.
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