A construção do sistema nacional de roubalheira petista não começou em 2003, nem é um desvio acidental da linha partidária. Vem do início dos anos 90. É parte integrante da estratégia de conquista progressiva do poder total, que passa pela destruição sistemática da ordem pública e pela parceria ignóbil entre partidos esquerdistas e organizações criminosas no Foro de São Paulo. Não há um só dirigente do PT ou de qualquer outro partido de esquerda que não saiba disso, nem jornalista que o ignore. Por isso mesmo conseguiram escondê-lo tão bem. Agora que se tornou difícil continuar negando as patifarias mais espetaculares usadas para implementar o grande engodo, só resta aos mentores esquerdistas fazer aquilo que previ em março de 2004: "Se o PT cair em total descrédito..., entrará em ação o Plano B: suicidar o governo alegando que falhou porque estava muito ’à direita’ - e aproveitar-se da oportunidade para acelerar a transformação revolucionária do país,... transferindo a militância (petista) para outra e mais agressiva organização de esquerda" (Confirmando). O manifesto (publicado na Folha de terça-feira) no qual 250 picaretas acadêmicos internacionais, lulistas históricos, saem repentinamente acusando o governo Lula de "neoliberal" e pedindo votos para a Srª Heloísa Helena, já é o plano B em ação. Retroativamente, o padroeiro da esquerda é jogado para a direita junto com suas culpas, a data dos delitos é transferida para 2002 e doze anos de conspiração criminosa desaparecem numa nuvem de enxofre, de trás da qual emerge puro e santo o novo objeto de devoção, veraz e autêntico como uma virgem celeste de desfile carnavalesco, esmagando sob os seus mimosos pezinhos a serpente do capitalismo malvado e ladrão. Limpar-se na sua própria sujeira é a tática mais velha e persistente do repertório esquerdista. Não há limites para a mendacidade, a malícia, a perversidade e o grotesco da mente revolucionária. Seu único deus é o Poder, sua única moral é a da vitória a todo preço. O resto é jogo dialético para estontear o adversário. Continuem confiando nessa gente e ela lhes roubará tudo, a liberdade, a bolsa, a vida e o último resíduo de dignidade, como roubou no Leste Europeu e em Cuba. E, se vocês acham que existe algum esquerdista mais honesto que o outro, não estão de todo errados: o antecessor é quase sempre um pouco menos canalha do que o sucessor. * Acabo de ler, maravilhado, o estudo que Paulo Mercadante consagrou a um herói da inteligência brasileira (Tobias Barreto, o Feiticeiro da Tribo, UniverCidade, 2006). Não sei o que admirar mais: o estilo e a erudição do autor, remanescente da espécie extinta dos grandes escritores brasileiros, ou a energia incansável com que o personagem, isolado e sem recursos no meio provinciano, luta para manter-se ao nível dos debates filosóficos do seu tempo, um dever que os intelectuais subsidiados de hoje em dia ignoram solenemente. Honrado pela mídia chique com a infalível homenagem do silêncio total, o livro só se torna, por isso, ainda mais digno de atenção. Nota do Editor: Olavo de Carvalho é jornalista e filósofo nascido em Campinas, Estado de São Paulo, em 29 de abril de 1947. Tem sido saudado pela crítica como um dos mais originais e audaciosos pensadores brasileiros. Professor de filosofia e diretor do Seminário de Filosofia do Centro Universitário da Cidade (RJ). Autor das obras "O Jardim das Aflições" e "O Imbecil Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras". Editor do site Mídia Sem Máscara.
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