12/09/2025  12h48
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
16/09/2006 - 11h22
Barbas ao molho
Percival Puggina - Parlata
 

Em entrevista ao programa Conversas Cruzadas da TVCOM, o ex-governador e candidato Olívio Dutra foi questionado sobre como procederia caso a Toyota decidisse instalar uma planta no Rio Grande do Sul. Repetiria ele o que fez com a Ford? A pergunta era absolutamente necessária e a resposta foi muito preocupante.

Olívio proferiu forte crítica aos incentivos concedidos às grandes empresas, sustentou que o Rio Grande do Sul é atrativo por si mesmo e não precisa conceder benefícios para captar investimentos. Reiterou que o governo deve estimular a "matriz produtiva local". A Toyota, e quem sonha com vê-la produzindo na área que fora reservada à Ford, deve pôr as barbas de molho. Quanto ao caso Ford, o ex-governador usou a velha técnica de considerar que somos todos desmemoriados. Disse que a Ford foi embora porque o Congresso Nacional, através dos partidos que hoje acusam o PT de haver despachado a empresa, aprovou lei que tornava mais atrativo, para ela, fazer o investimento na Bahia.

Os fatos, porém, são inolvidáveis. Quando Olívio assumiu o governo em 1999 o investimento da Ford era coisa resolvida. Contratos assinados e lei aprovada pela Assembléia. Cronograma acertado. Pagamento inicial feito e o restante dos valores relativos à participação do Estado (R$ 200 milhões) depositados em conta corrente vinculada do Banrisul. Logo no segundo trimestre do ano, soube-se posteriormente, o governo de Olívio Dutra, contra o contrato e a lei, transferiu esse dinheiro para o Caixa Único. Em seguida, passou a proporcionar aos negociadores da empresa hectolitros de chá de banco. Com o agravamento da situação, alarmaram-se os setores produtivos do Estado e a comunidade de Guaíba (para onde iria o empreendimento), promovendo manifestações em favor da empresa e seu investimento. Como resposta, em abril, o governo realizou um comício diante do Palácio, no qual o governador repetiu o mantra de sua campanha: "Não haverá um centavo de recurso público para quem não precisa!". Era recado direto à empresa. De fato, em 31 de março de 1999 venceu uma parcela de R$ 68 milhões e o Estado não pagou, tornando-se inadimplente. Cerca de dois meses mais tarde, a Ford jogou a toalha e foi embora.

O que disseram, nas semanas seguintes, os porta-vozes do governo? Afirmaram que a empresa desistira do investimento porque o setor automotivo estava em crise mundial. Que a empresa não dispunha dos recursos para o empreendimento. Em seguida, alegaram que a Ford iria para a Argentina. Depois, disseram que nada fora perdido, porque a empresa iria gerar apenas 1500 empregos (já são mais de 20 mil na Bahia).

Aí a Ford foi para a Bahia. E o discurso mudou para o eixo em que Olívio retomou na entrevista à TVCOM: tudo fora uma manobra de FHC e ACM para desacreditar o criterioso governo petista. E eu, ainda que fosse crédulo, já não saberia mais em que acreditar, tantas e tão contraditórias as explicações. Mas ficou faltando uma, e ela é definitiva: se o Estado tivesse cumprido o contrato e disponibilizado os miseráveis R$ 200 milhões, a Ford, por força do contrato e da lei, estaria obrigada a permanecer no Estado. Perdeu o Rio Grande algo como 4 bilhões de reais por ano, para o resto de nossas vidas. Essa mesma cegueira ideológica foi evidenciada novamente na resposta de Olívio Dutra à pergunta que lhe fizeram em relação à Toyota.


Nota do Editor: Percival Puggina é arquiteto e da Presidente Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública. Conferencista muito solicitado, profere dezenas de palestras por ano em todo o país sobre temas sociais, políticos e religiosos. Escreve semanalmente artigos de opinião para mais de uma centena de jornais do Rio Grande do Sul.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.