Estudo inédito com cerca de 2.800 médicos foi apresentado durante Congresso Mundial de Cardiologia, em Barcelona
Levantamento feito em 16 países, com aproximadamente 2.800 médicos - fumantes e não-fumantes - revelou que a maioria desses profissionais sente que precisa de orientação para tratar pacientes tabagistas. Embora quase 90% recomendem o abandono do cigarro, apenas 47% elaboram com seus pacientes um plano efetivo para atingir essa meta. Em média, um médico passa seis minutos da consulta conversando sobre o tema com seus pacientes fumantes. Os resultados fazem parte do estudo STOP (Smoking: The Opinion of Physicians), feito pela Pfizer, que avaliou a opinião dos médicos sobre tabagismo. A pesquisa, apresentada durante o Congresso Mundial de Cardiologia, que aconteceu este mês em Barcelona, foi realizada no Canadá, França, Alemanha, Grécia, Itália, Japão, Coréia, México, Holanda, Polônia, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos. Foram entrevistados clínicos gerais e médicos de família. Desculpas para a falta de iniciativa dos médicos com relação ao tratamento do tabagismo não faltaram: metade alegou não ter tempo, 46% priorizam outra condição médica e 38% afirmaram não ter o treinamento adequado para ajudar os pacientes a parar de fumar. Segundo eles, tratar o tabagismo só perde para a obesidade em nível de dificuldade. Apesar de reconhecer o forte grau de dependência da nicotina, 92% dos médicos concordam que o abandono do cigarro depende principalmente da força de vontade dos fumantes. Mas o cigarro é, na opinião dos médicos, o fator que causará maior dano ao paciente a longo prazo. O fumo levou o primeiro lugar com uma larga vantagem sobre os demais fatores de risco: sedentarismo, dieta inadequada, consumo de álcool e obesidade. Mais de 80% dos médicos consideram o fumo uma condição médica. E 86% deles acreditam que a cessação do tabagismo representa o maior passo para melhorar a saúde geral do fumante e de toda a população. Cerca de 20% dos médicos, no entanto, consideram que fumar não é um problema de saúde, mas uma opção. É um dado assustador diante das evidências de que o vício pelo cigarro é tão forte quanto à dependência de drogas ilícitas ou de álcool. Aproximadamente 80% dos especialistas dizem acreditar que medicamentos efetivos poderiam ajudar seus pacientes a abandonar o cigarro. Médicos fumantes Os médicos tabagistas entrevistados na pesquisa fumam em média 12 cigarros por dia há cerca de 20 anos. A maioria já tentou parar de fumar uma vez. Outros 20% já tentaram de três a cinco vezes, mas a maioria não procurou ajuda nem usou tratamento. Um dado chocante, entretanto, é que 30% nunca tentou parar de fumar. A pesquisa revela que, para a própria classe médica, profissionais fumantes e não-fumantes estão igualmente qualificados a tratar o tabagismo. Será? Como o fato de ser fumante influenciou as respostas dos médicos? Os profissionais que fumam tinham uma probabilidade menor que os não-fumantes de: · Considerar o tabagismo uma condição médica. · Citar o cigarro como a atividade mais prejudicial à saúde. · Discutir o cigarro durante a consulta médica. · Recomendar seus pacientes a parar de fumar. · Discutir os riscos do cigarro durante a consulta médica. · Ajudar seus pacientes a parar de fumar. · Dizer que tem tempo para ajudar seus pacientes a parar de fumar. · Dizer que não há outras prioridades a serem tratadas. O tabagismo é a principal causa evitável de morte global, respondendo direta ou indiretamente por 5 milhões de mortes por ano, ou 20% das causas de óbito. No Brasil, 200 mil pessoas morrem por ano em decorrência do tabagismo.
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