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Opinião
19/09/2006 - 11h02
Liberou geral
Percival Puggina - MSM
 

Houve um tempo em que sequer era necessário ocorrer corrupção para que a fatura política fosse apresentada e o lucro eleitoral transferido para o caixa do denunciante. Bastava a denúncia para que raios e trovões fossem dardejados sobre os infelizes que houvessem caído na suspeição dos petistas. Aliás, não ser petista já era motivo para ser suspeito e acusado, se não dos piores atos, ao menos das piores intenções. Era inútil exibir certidões negativas de todos os foros. O partido de Lula sempre nivelava seus adversários com quaisquer maus elementos da sigla a que pertencessem.

Uma árvore que sempre comparecia à abertura das campanhas eleitorais petistas expressava perfeitamente o que descrevo. Nela eram apresentadas as mais conhecidas frutas podres da política nacional da época, e o último a ser pendurado ali, misturado com todas, era o adversário da vez. Definia-se, assim, a estratégia desmoralizadora: é tudo farinha do mesmo saco. Tal conduta, se pecava pelo absoluto desrespeito à honra alheia, tinha ao menos o mérito de gerar constrangimentos numa atividade - a política - onde a desfaçatez costuma ser freqüente. As pessoas de bem se angustiavam e se empenhavam, nos próprios partidos, em provocar processos internos de expiação de culpas.

Menos de dois anos do governo Lula foram suficientes para produzir a mais completa desmoralização da moral na atividade política. Foram tantos - mas tantos! - os escândalos produzidos sob as vistas grossas, as narinas congestionadas e os ouvidos entupidos do presidente que se formaram calos na sensibilidade moral do país. E os calos viraram casca e a casca, cada vez mais grossa, se tornou impenetrável.

Auditores do Tribunal de Contas da União, após longa investigação, denunciaram, nesta semana, que algo como dois milhões de cartilhas com louvações à gestão de Lula e críticas aos seus antecessores, foram pagas pelo governo sem que houvesse devida comprovação dos serviços gráficos. Investigações para cá, depoimentos para lá, e a coisa ficou assim: a) sabe-se quanto foi pago (R$ 11 milhões); b) sabe-se quem pagou (a Secretaria de Comunicação do governo, leia-se Gushiken); c) não se sabe quanto do material foi efetivamente elaborado; d) sabe-se que o PT informa ter recebido quase um milhão de exemplares para distribuir; e) sabe-se que o próprio Gushiken informou ao TCU que as cartilhas foram entregues ao PT.

Ora, o fato ainda não inteiramente esclarecido - possível pagamento por serviços não executados - é bem menos grave do que o fato já confessado: a entrega ao partido do governo de quase um milhão de cartilhas publicitárias confeccionadas com recursos públicos. E o presidente do partido governista, chamado às falas, limitou-se a reprovar a divulgação de mais esse escândalo em período eleitoral. Tranqüilize-se, no entanto, o senhor Berzoini: tudo bate na casca grossa e nenhum efeito eleitoral produz. Liberou geral. Acorda, Brasil!


Nota do Editor: Percival Puggina é arquiteto, político, escritor e presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública.

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