Situação: um cocktail. Você, sozinho, tomando um cálice de vinho e devorando um rissole, parado perto de um dos cantos do salão. Um amigo lhe avista, aponta, cochicha ao ouvido da pessoa que lhe acompanha e dirigi-se na sua direção: - Grande Rodrigo Ramazzini! Como vai o amigo? - Tudo tranqüilo! E contigo? - Tudo ótimo cara! Anda sumido, hein? - Pois é... - Deixa-me te apresentar: esse é o Manoel Gutierrez, dono da madeireira Gutierrez. - Prazer! - Manoel, esse é Rodrigo Ramazzini, escritor, cronista... - Prazer, seu Rodrigo! - Bom Gutierrez! O Rodrigo é uma pessoa interessantíssima. Fique conversando com ele enquanto vou ao banheiro e encho o meu cálice de vinho... O Gutierrez sinaliza um positivo com a cabeça e vira-se completamente para o meu lado e começa: - Cronista, seu Rodrigo. Legal! Eu gosto de ler, mas sou como boa parte da população, tenho preguiça para efetuar a leitura... - Leitura é um hábito realmente difícil de entrar no nosso cotidiano, mas quem já o incluiu com certeza não se arrepende... - É verdade! Crônica eu gosto bastante... São curtas e não dão muito trabalho. É para o jornal local que escreves? - É sim! - Bom! Esses dias eu li uma crônica muito boa, por acaso não é tua? Falava de um apito de chamar mulher... - Não, não! É do mestre Veríssimo essa... - Grande Veríssimo! Realmente ele é ótimo. Lembrei-me de outra. Uma que falava de cantar no chuveiro, acho. Não foste tu que escreveste? - Também não! Essa é do Moacyr Scliar... - Ah, do Scliar, desculpa! Leio, mas esqueço quem fora o escritor... - Esses "brancos" fazem parte... - Acho que é o vinho... Ha! Ah! Ah! Deixe-me recordar o que li essa semana nos jornais locais... Lembrei-me de duas crônicas! Uma falava mal do prefeito e uma outra dos motivos para votarmos no Alckmin. Qual delas é a tua? - Bom... Nenhuma delas! Penso: ou o jornal não está vendendo nada, ou como em média as pessoas lêem em torno de 70% do todo de um jornal, devo estar incluído nos 30% restante para esse cara. - Mas Rodrigo... Oi, tudo bem? Então, neste momento da conversa, chega uma mulher e para-se ao lado do senhor Gutierrez. Fico na dúvida se é sua mulher, filha ou apenas uma amiga. Ele então, apresenta-me: - Rodrigo... Rama... - Ramazzini. - Filha! Esse é o Rodrigo Ramazzini, cronista... - Prazer! - Tatiana, prazer! Era baixinha, com chapinha no cabelo loiro (Com alguns fios castanhos). Estava de calça jeans apertada, uma blusa preta de lã que torneava e salientava os seus fartos seios. A botinha também preta dava-lhe um charme especial. O belo rosto bronzeado, juntamente com as escuras sobrancelhas, contrastava com o cabelo. Penso: meu Deus! Rica baixinha. Então, ela euforicamente fala-me: - Cronista! Que legal! Eu adoro crônica, li uma esses dias, que falava da chapinha e do salto alto das mulheres. O máximo! Sempre leio esse escritor. Como é o nome dele meu Deus! Espera um pouco, por acaso não és tu? Encho o peito, abro os braços e orgulhosamente replico: - Enfim! Alguém me lê... Ela pula no meu pescoço e histericamente grita: - Eu sou tua fã! Adoro o que tu escreves... Reflito: não sei quem foi o (a) filho (a) da mãe que escreveu essa tal crônica da chapinha, mas obrigado! Muito obrigado! Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista, escreve semanalmente para o site www.sulmix.com.br, e para diversos jornais.
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