Que a mídia usa a palavra sexo como sinônimo de amor, isso não é novidade. Curioso é quando uma revista como a Você S/A sai em defesa de relacionamentos ilícitos no ambiente de trabalho. Em sua edição de setembro, a publicação destaca o fato de que o ambiente de trabalho favorece os relacionamentos íntimos. Tanto que 42 por cento dos funcionários se envolvem com colegas de trabalho. A matéria de capa menciona a pesquisa da sexóloga norte-americana Shere Hite, uma das mais conceituadas estudiosas do mundo quando o assunto é sexo, autora do clássico Relatório Hite e de Sexo e Negócios (Editora Bertrand Brasil). O estudo foi realizado em grandes corporações européias, mas ilustra bem o que acontece no Brasil, segundo Você S/A. "Hoje convivemos muito mais com o colega do que com a família e até com o cônjuge", diz Ailton Amélio da Silva, professor de relacionamento amoroso do Instituto de Psicologia da USP e autor de O Mapa do Amor (Editora Gente). "É uma carona aqui, um jantar ali e, quando você vê, a coisa foi longe demais." [Taí um sinal de alerta para os cristãos que lutam e oram para manter um lar feliz.] A reportagem traz dados estatísticos entremeados com testemunhos de casais que começaram a se relacionar no ambiente de trabalho. Alguns eram solteiros (e continuam, oficialmente), outros são casados (e também continuam assim), como no caso do administrador João Oliveira, de 40 anos, que usa esse pseudônimo porque é casado. "João" afirma que "se eu não fosse casado, não teria problemas em falar abertamente [sobre a relação que mantém com sua colega de trabalho há oito anos]". E a reportagem conclui com o seguinte comentário a história do homem que prefere se esconder sob o nome falso: "João deixou a empresa no ano passado, ela continua lá, e o romance dos dois está firme. O casamento dele também." Simples, não? Agora note este conselho da revista: "Um dos dois [amantes] é chefe do outro? Melhor alguém mudar de área. Ele ou ela tem acesso a dados estratégicos, limitados ao seu cargo? Nada de dividir essas informações com o amante, entre uma taça de vinho e outra. Por fim, mas não menos importante, é essencial manter a discrição. No início do romance, o melhor mesmo é guardar segredo." Infelizmente, este é o mundo em que vivemos. E esse é o tipo de relacionamento "normal" estimulado pela mídia e vivido por quatro de cada dez colegas de trabalho. Um cenário de falência dos valores familiares tradicionais, que estabelecem uma relação monogâmica baseada na fidelidade e no amor, em que a satisfação sexual é uma conseqüência dessa doação, dessa união biblicamente chamada de "uma só carne". Falência essa prevista pelo apóstolo Paulo e que se caracteriza como um dos sinais morais do fim do mundo e da volta de Jesus: "Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão tempos penosos; pois os homens serão amantes de si mesmos [hedonistas na busca desenfreada de prazer egoísta], gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a seus pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder. Afasta-te também desses" (II Timóteo 3:1-5).
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