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Opinião
29/09/2006 - 11h55
Dois lados da mesma moeda
João Luiz Mauad - MSM
 

"Eu sou um simpatizante da esquerda por sede de harmonia, de dignidade e de justiça. Mas vejo freqüentemente que é a esquerda que mais ameaça essas coisas que me levaram a me aproximar dela". - Caetano Veloso, cantor e compositor

A pérola acima foi tirada da cartola em recente entrevista ao jornal Folha de São Paulo e posteriormente reproduzida pela revista Veja. Dá o que pensar. A esquerda detém, graças à propaganda incessante, vigorosa e inclemente dos seus militantes - que mais parecem membros de uma torcida organizada, tal o fervor e irracionalidade com que tratam determinados temas -, uma imagem associada ao monopólio da bondade, da justiça, da harmonia, da dignidade, das boas intenções e tudo quanto se refere ao altruísmo, ao desprendimento etc. Quem não pensa pela sua cartilha, ou denuncia a imensa carga de farsa, hipocrisia e inveja contida nos seus ideais igualitários, é logo taxado de insensível, egoísta, injusto e outros qualificativos não menos infames.

A imagem sedutora da esquerda é tão bem trabalhada (principalmente em relação aos mais jovens, que não dispõem de defesas suficientes contra o insidioso veneno da doutrinação), que os mais embevecidos, como Caetano Veloso, não obstante sintam que há algo de muito errado e pernicioso no seu interior, recusam-se a largá-la, mesmo depois da fase adulta. Malgrado às vezes consigam enxergar os fatos irrefutáveis que a realidade lhes revela todos os dias, preferem permanecer, mercê de uma singularíssima idiossincrasia, ancorados no porto seguro dos discursos de igualdade e fraternidade. Não querem escutar a voz da razão mas somente aplacar suas consciências, redimir suas culpas. Ser de esquerda, afinal, os faz sentir bons, puros e magnânimos.

Esses são os idiotas úteis, os soldados rasos do esquerdismo. O lado, digamos, sincero e bem intencionado dessa doutrina corrupta por natureza. Mas existe o outro lado da moeda. O lado da liderança, dos mandarins, dos ideólogos da grande congregação, de gente que não merece outra alcunha senão a de pústulas.

Eles são oportunistas e hipócritas, pois não acreditam no que dizem e não vivem de acordo com o que pregam. Sua meta é o poder a qualquer custo e, portanto, quaisquer meios se justificam. Sempre foi assim, desde Rousseau, Marx, Lênin e todos os outros. Leiam a história. Suas vidas privadas nunca espelharam aquilo que pregavam. Hoje em dia, quantos desses igualitários de fachada, por exemplo, cultuam o regime de Cuba, bajulam Fidel Castro, mas nunca sequer imaginaram largar suas espaçosas mansões, ou o aconchego de seus apartamentos em Paris ou Nova York, para ir viver no "paraíso" da ilha-cárcere? Lembram-se de Jean-Paul Sartre, aquele pseudo-filósofo maluquinho do existencialismo, casado com a não menos famosa cortesã, que propagava os modelos stalinista e maoista como perfeitos, mas que nunca deixou o conforto dos Champs Elisés? Pois é, como ele há milhares espalhados pelos quatro cantos do mundo, divididos em inúmeras categorias. Hoje, vamos nos ater a dois desses espécimes mais importantes.

O primeiro tipo vive encastelado em cargos públicos muito bem remunerados e detém vastos privilégios trabalhistas ou polpudas aposentadorias. Seu discurso é mais ou menos este: "defendo a re-distribuição de renda e o fim das desigualdades sociais. Minha palavra de ordem é Justiça Social. Acredito que só a ação do Estado é capaz de promover o bem comum". Malgrado suas mensagens altruístas e benevolentes, um detalhezinho do seu caráter chama a atenção: nunca, mas nunca mesmo, tente mexer com os seus sagrados "direitos adquiridos", porque eles viram fera ferida, fazem greve, passeata, arruaça, quebra-quebra e o escambau. São capazes de paralisar o atendimento público de saúde, as escolas ou o instituto de previdência do país por imensos períodos, a custa de prejuízos incalculáveis para a população, sem que isso lhes cause qualquer comoção ou constrangimento. Apesar de serem, em tese, servidores públicos, colocam seus interesses pessoais acima de tudo.

Outro exemplar, não menos famoso e hipócrita, é o dos artistas. Também adoram falar de justiça social, igualdade, direitos humanos etc. São, com raríssimas exceções, a vanguarda do anti-capitalismo, da anti-globalização, da luta contra o demônio neoliberal. No entanto, quando o assunto é direito autoral, plágio ou pirataria eles dão saltos acrobáticos de dois metros de altura e berram a plenos pulmões em defesa do direito de propriedade. Seus contratos com editoras, gravadoras e produtoras são elaborados por advogados do mais alto gabarito e devem ser cumpridos à risca, sob pena de processos indenizatórios milionários. Ao mesmo tempo, se o assunto é a dívida pública externa "em poder desses capitalistas nojentos", não pensam duas vezes antes de mandar as regras contratuais às favas e propor o calote. No interior de suas mansões, a camarilha vive permanentemente cercada e protegida por seguranças armados até os dentes, mas não vê qualquer problema em dar apoio às invasões de terras e outras propriedades privadas pelo MST et caterva. Afinal, como dizia o meu velho avô: pimentinha nos olhos dos outros é refresco.

É claro que há outros espécimes de esquerdistas mal intencionados escondidos por aí. Costumam ser dissimulados, eu sei, mas não é assim tão difícil reconhecê-los. Para os iniciantes, aqui vão algumas dicas que os ajudarão a perceber quando estiverem diante de um:

1 - compare o seu modo de vida com o discurso. Normalmente freqüentam a mais alta burguesia, mas não se consideram parte dela;

2 - tente verificar se existe algum interesse pessoal escondido por trás das suas bandeiras de luta. Por exemplo, donos de polpudas aposentadorias são todos adeptos da tese de que não existe déficit na previdência, sendo tudo parte de alguma mágica contábil para prejudicar os velhinhos;

3 - Preste bastante atenção na sua relação com o sucesso alheio, pois eles jamais aceitarão que alguém (especialmente se empresário) possa ser bem sucedido honestamente (exceto eles, é claro).

Em síntese, procure pela hipocrisia, pelo logro e pela inveja.


Nota do Editor: João Luiz Mauad é empresário e formado em administração de empresas pela FGV/RJ.

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