A ressaca da Copa 2006 ficou para trás, mas ainda cabe lembrar o que se publicou nos inventários sobre o pífio desempenho do Brasil para, aqui, tratar de equipe e indagar por que é tão difícil - tão necessário - descobrir a receita disso. Afirmou-se, à época, que a seleção canarinho reuniu inegáveis talentos individuais nas artes da bola, talvez os melhores do planeta. Só (só?) não conseguiu que a soma dos talentos gerasse uma equipe, seja porque cada jogador tentou brilhar mais que o outro ("faltou espírito de equipe"), seja pela falta de uma liderança que investisse no coletivo. Conclusão: o sucesso de uma equipe nem sempre é assegurado pela capacidade avulsa de seus componentes. No futebol e na vida, não adianta ser craque sozinho. Já há vários anos que o mundo corporativo percebeu o quanto é importante estimular a formação de equipes no ambiente de trabalho, como prática cotidiana e, especialmente, como estratégia para promover melhorias, a exemplo do que fazem os grupos de CCQ. Contudo, muitas vezes derrapa no caminho por não levar em conta aspectos inerentes ao ser humano que podem comprometer esse tipo de experiência. São "Os Cinco Desafios das Equipes", listados em livro de Patrick Lencioni. De baixo para cima, em uma pirâmide, o autor relaciona: ausência de confiança, medo do conflito, falta de comprometimento, tendência a evitar responsabilidades e desatenção aos resultados. No mais das vezes, um fator puxa o outro. O trabalho de equipe é o ato de exercitar um leque de princípios comuns durante um longo período de tempo, com disciplina e persistência. Quando as equipes reconhecem as imperfeições naturais à condição humana, os integrantes superam obstáculos e revertem os desafios listados por Lencioni em confiança, aceitação de que o conflito faz parte do grupo, comprometimento a qualquer prova, compartilhamento de responsabilidades e, ao final, foco absoluto nos resultados. Aí é hora de marcar o gol e comemorar: a equipe deu certo. Nota do Editor: César Döhler é economista.
|