Mesmo com o extraordinário avanço observado no tratamento das doenças cardiovasculares nos últimos 50 anos, o acometimento do coração ainda é uma das principais causas de morte em todo o mundo. A prevenção e o diagnóstico precoce são ainda os principais fatores para o controle dessas doenças. O desenvolvimento dos métodos de pesquisa e a descoberta dos mecanismos relacionados ao surgimento das doenças, possibilitou o melhor entendimento dos procedimentos necessários para o tratamento das doenças do coração e os resultados foram o aumento do sucesso terapêutico, a redução dos efeitos colaterais da medicação e a melhora na qualidade de vida das pessoas. No Brasil, as doenças mais freqüentes são a insuficiência coronariana, as miocardiopatias de causa desconhecida e também a miocardiopatia chagásica. A doença de Chagas é ainda endêmica em algumas regiões e se caracteriza pela lesão da musculatura cardíaca e do sistema elétrico de condução do coração causada pelo Tripanosona cruzi. Essa doença infelizmente tem sua maior prevalência na população mais jovem e atinge cerca de 10 milhões de pessoas, sendo uma causa de morte precoce nos indivíduos infectados. O desenvolvimento da insuficiência coronariana está relacionada com o desenvolvimento de fatores de risco já bastante conhecidos. Os chamados fatores não controláveis são a história familiar de infarto do miocárdio, o sexo e a idade. Os fatores de risco que podem ser controlados incluem a hipertensão arterial, as dislipidemias (aumento do colesterol plasmático total e da sua fração LDL), o tabagismo, a obesidade, o sedentarismo, entre outros. Neste ponto é importante ressaltar a importância das campanhas educacionais desde a juventude, que podem oferecer orientação em relação a estes fatores e assim conseguir a redução da incidência da coronariopatia na população adulta. Para isso, a partir da idade de 40 anos, principalmente aqueles com história familiar, a consulta a um cardiologista e a realização de alguns exames podem detectar eventuais alterações no coração que, se tratadas preventivamente, reduzem o risco de infarto do miocárdio e suas conseqüências. Os principais exames a serem realizados são o eletrocardiograma, o teste ergométrico, ecocardiograma e também um exame de sangue para dosagem de colesterol total e frações, triglicérides, glicemia, ácido úrico e o hemograma. Se alguns desses exames apresentarem resultados que indiquem maior risco, o médico poderá aprofundar a sua investigação clínica utilizando outros métodos diagnósticos mais sofisticados que incluem a cintilografia miocárdica que emprega radiosótopos, a ressonância magnética do coração e vasos e até mesmo a cinecoronariografia. Com as doenças do coração, o grande segredo é a sua detecção precoce em indivíduos jovens de maior risco, conforme comentado anteriormente seguido de seu tratamento. A cardiologia brasileira, na atualidade, dispõe dos mais modernos meios de diagnóstico e terapêutica e acima de tudo, nossos médicos estão bastante capacitados para oferecer a nossa população uma boa qualidade de vida. Nota do Editor: O médico Dalmo Moreira é cardiologista e coordenador da Eletrocardiografia Dinâmica da Diagnósticos da América.
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