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04/10/2006 - 07h50
Um artista holandês em Ubatuba?
Ramon Ruiz Escobar
 
Ramon Ruiz Escobar 

Caro Luiz Moura, sou seu leitor "internético" e outro dia num "De olho em Ubatuba", você publicou uma foto do novo calçamento em Ubatuba e me ocorreu retomar o assunto por um outro ponto de vista e pedindo sua autorização, passo a fazê-lo.

M. C. Escher - Maurits Cornelis Escher (1898 - 1972) foi um dos mais famosos artistas gráficos do mundo. Sua arte alegra milhões de pessoas no mundo todo, como podemos ver no site www.mcescher.com. Ele é famoso por suas estruturas chamadas de impossíveis, como Subindo e Descendo, Relatividade, Metamorfose I, II, III, Céu e Água e Répteis. Trabalhou também com desenhos que se transformaram em excelentes litografias como, por exemplo, o da pequena cidade de Atrani na Costa Amalfitana, na Itália (Anexo 1 - Atrani).

Em 1922, Escher visitando a Espanha, esteve em Granada e lá em Alhambra, no histórico Castelo Mourisco do século XIV, ficou fascinado pela Divisão Regular do Plano existente nos maravilhosos mosaicos árabes do palácio, que muito influenciaram sua série de desenhos chamados de Simetria, (Anexo 2 - Simetria 44) e (Anexo 3 - Simetria 82).

Mas você deve estar perguntando: o que o holandês Escher tem a ver com Ubatuba como diz o título acima?

Acontece que visitando Ubatuba recentemente, fiquei ao mesmo tempo encantado e espantado. Encantado, porque Ubatuba tem um patrimônio cultural universal sobre seus pés e parece que ninguém percebe a maravilha em que está pisando. Não sei em que gestão e qual o artista que se baseou nos trabalhos universais de Escher, para fazer os maravilhosos desenhos dos passeios públicos existentes em Ubatuba, tanto os maltratados peixes do calçadão da praia da cidade (ao lado da ciclovia), quanto os da calçada em frente à praia, assim como os do calçadão do centro (este mais lindo ainda), feitos em quatro cores, com um material nobre e praticamente eterno em sua beleza, o mosaico português, de fácil manutenção e restauração, bastando para tanto, reservar dois ou três funcionários municipais treinados e dedicados para fazer a conservação dos mesmos e, de sua beleza, sem que se cometa o usual e muito feio remendo de cimento, que se vê em alguns lugares ou que se deixe os buracos crescendo cada vez mais e se esvaindo pedra por pedra. A limpeza também é fácil basta um pouco de água, vassouras, talvez um pouco de cloro e tudo estará como novo e para sempre.

Espantado, pois parece que ninguém, mesmo os artistas de Ubatuba, se deram conta, artística e culturalmente falando, da troca que está sendo efetuada nessa cidade. (Se por algum acaso, alguma manifestação foi feita neste sentido, por favor, desculpem o engano). Troca-se o eterno e lindo, pelo efêmero e feio. Basta olhar para as obras da avenida beira-mar em seu trecho que vai do Aeroporto até o Casarão. Trocaram o maravilhoso e eterno calçamento existente (Anexo 4) de mosaico português, com seu lindo desenho baseado em Escher, com aves negras voando, guiadas por uma ondulante faixa cinza sobre um fundo branco, por um outro, que ao contrário daquele existente, é constituído por linhas retas, com um desenho geométrico sem graça, e o pior, de material efêmero e feio, os bloquetes de concreto colorido (Anexo 5).

Apenas para ilustrar o quanto é efêmero e feio o material utilizado, basta olhar a foto do (Anexo 6), que retrata uma "ilha" existente em frente ao estabelecimento "Pistache Gelateria", feita em outra gestão e, que já perdeu suas cores, ganhando um tom cinza sujo que parece ser uma pequena mostra de como provavelmente ficará o novo e colorido calçamento da avenida da praia.

Espero sinceramente que vosso prefeito não queira mudar também o maravilhoso calçadão do centro. Que trabalho artístico encantador, penso na quantidade de oficinas culturais que os professores de artes das escolas de Ubatuba têm promovido com seus alunos para que conheçam e preservem, as origens daquele estranho e lindo emaranhado de desenhos com sua simetria Escherniana. Ora são peixes marrons de barbatanas pretas, se formando do contorno de aves brancas, numa sucessão interminável de desenhos (Anexo 7). Ora são peixes brancos de barbatanas pretas que se formam do contorno de aves marrons ou será o contrário? (Anexo 8) Desenhos que ao serem quebrados por linhas retas, se misturam e compõem com um lindo fundo branco, um maravilhoso tabuleiro de pedras brancas, felizmente até agora bem conservado.

Escrevo este artigo, porque como leitor do Correio Guaruçá, ainda não havia lido até agora, nenhum artigo questionando a preservação desta recente, mas também importantíssima obra de arte, que faz parte da memória cultural e artística da cidade de Ubatuba e gostaria que todos pudessem também apreciar o seu precioso valor artístico.

Finalmente, que pena que os maravilhosos e eternos desenhos de pássaros e peixes feitos de pedras portuguesas arrancadas das calçadas ubatubanas, não tenham sido utilizados, para revestir com a eternidade de sua beleza, um outro logradouro público de Ubatuba. Quem sabe talvez, não serão utilizados para revestir a praça do centro da cidade que está em reforma?

Quem sabe?

Ramon Ruiz Escobar
ram-esc@hotmail.com


Nota do Editor: Clique nos links em azul (no texto acima) para ver as imagens.

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