Emprego e participação econômica são as grandes premissas do cidadão
Quando falamos em cidadania, logo nos vem à mente o direito à saúde, moradia, educação e cultura. Porém a palavra originária do latim “civitas”, que quer dizer cidade, foi usada na Roma antiga para indicar a situação política de uma pessoa e os direitos que tinha ou podia exercer. Um conceito também claro dentro da Constituinte brasileira, que fala na condição do cidadão, natural do país e membro do Estado, de ter direitos que lhe permitem participar da vida política, social e econômica. Votar, pagar impostos, viver de acordo com as leis nacionais são algumas das obrigações que temos como cidadão. Uma visão reducionista do conceito de cidadania, que no Brasil concentra-se muito mais naquilo que devemos fazer do que naquilo que podemos ter. O emprego e a participação na vida econômica do país são, a meu ver, as grandes premissas da cidadania. Por meio deles, as pessoas poderão exercer a capacidade da escolha. Escolher o que for melhor para a sua saúde, para sua moradia, para sua formação educacional, para a sua vida cultural, enfim, escolher o que considera necessário para ter uma vida digna. A geração de empregos é, desta forma, um dos pontos emergenciais que deveriam constar nos programas de governo dos atuais candidatos. E isto em todos os níveis: municipal, estadual e federal. Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), realizada pelo IBGE nas seis principais regiões metropolitanas, a média da taxa de desemprego em 2006, até julho deste ano, ficou em 10,2%, repetindo o índice do mesmo período de 2005. Conseqüentemente, sabemos que de alguma forma estas pessoas não puderam esperar por mais de um ano para serem reabsorvidas pelo mercado, o caminho com certeza foi o da informalidade. Nem tudo são notícias ruins, o poder de compra dos trabalhadores no acumulado do ano se elevou em 4,2%, segundo dados do Banco Central, com isso, a massa salarial real aumentou 6,2% em 2006 ante o mesmo período de 2005. Porém isto não suficiente. O país pode e deve ter programas sociais nos mais diversos campos, mas uma política que definitivamente repense as reformas trabalhistas, tributária e política é essencial. É necessário que saiam do papel e entre em vigor de fato. O objetivo é que as empresas, principalmente as de médio e pequeno porte, tenham condições de expandir e gerar trabalho. E ai há um real crescimento nacional. Mais empregos, maior poder aquisitivo da população, maiores vendas no comércio, aumento da produção e volta para a geração de mais empregos. Um ciclo vicioso sustentável. Independente de quem subir a rampa do Planalto Central em janeiro de 2007, o compromisso da política econômica deve ser voltada para o aumento de postos no mercado de trabalho. Conter a inflação é importante, mas redistribuição de renda é fundamental para a formação de uma sociedade saudável. O que fazer com uma carga tributária que devora 38% do PIB é a pergunta que o empresariado quer ver respondida. Caso contrário, o mecanismo de sobrevivência do setor será sempre o mesmo - redução de custos para aumento de competitividade. Os exemplos mundiais a serem seguidos estão do outro lado do globo, mas a receita pode ser a mesma. China e Índia realizaram mudanças, como o controle de seus fluxos de capitais, valorização do câmbio, além de investimento pesado em educação para crescerem de forma sustentável com taxas bem superiores a nossas, gerando todos os anos milhões de novas vagas para a população. Que a nova gestão pública acredite nisso e escolha o caminho do crescimento. É o que mais desejo. Nota do Editor: José Zetune é Presidente da ADVB (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Brasil), da ADVP (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Portugal), do IRES (Instituto ADVB de Responsabilidade Social) e da FBM (Fundação Brasileira de Marketing).
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