Entre idas e vindas, encontro diversos personagens no cotidiano da paulicéia. O motorista cantor, o vendedor ambulante que cria rimas para vender seus produtos, o bêbado. Mas um que me chamou a atenção foi a ascensorista de um prédio da Região da Praça da Sé, que convidava os usuários do elevador para uma bela viagem ao Rio de Janeiro. Quando todos embarcavam e ela acionava o fechamento das portas, começava a sua fala: - Senhores passageiros, com destino ao Rio de Janeiro. Neste momento estaremos conhecendo alguns belos pontos turísticos da Cidade Maravilhosa. Uma senhora pediu: - Por favor, quinto andar. Por gentileza? Ela: - Sim, quinto andar é a lagoa Rodrigo de Freitas. Você terá uma bela vista, com gente bonita. É um belo lugar para dar um passeio. Percebi que cada andar solicitado pelo indivíduo era comparado a um ponto turístico da Cidade Maravilhosa. Um refúgio para aqueles operadores do Direito, funcionários e pessoas que entravam naquele aparelho. Ao sair, percebi como as pessoas que estavam fora do prédio estavam tensas, irritadas. Olhei para o movimento de veículos na rua, vi a impaciência, a ânsia para chegar ao destino que estavam estampadas na face dos indivíduos. Correria, buzinas soando alto, pista molhada e transeuntes trombando uns nos outros para não perder cada minuto. Vendo todo esse movimento, lembrei-me do elevador, dos momentos de distração. Ao embarcar, me desliguei. Senti que estava em um universo diferente da loucura e tensão das ruas paulistanas. Há distração, conexão. As amizades surgem naquele lugar tão robusto e tenso por onde transitam advogados e juízes. Essa é São Paulo! Da garoa, da loucura, dos impacientes e dos personagens. Indivíduos que fazem o seu papel, como a ascensorista que sempre traz a alegria para todos que trabalham naquele edifício antigo e robusto. Nota do Editor: Luís Delcides R. Silva é estudante de jornalismo e micro-empresário.
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