Cada vez mais pessoas se dizem alérgicas. Nesta entrevista, a especialista Marta Guidacci esclarece as principais dúvidas sobre o assunto e dá importantes dicas para quem quer viver bem apesar da alergia.

Nunca se ouviu falar tanta em alergia. O que está acontecendo: aumentou o número de alérgicos no mundo?
Diversos estudos epidemiológicos apontam que esse aumento é conseqüência da crescente poluição no ar, principalmente nos grandes centros urbanos, e da péssima qualidade de vida - que inclui principalmente maus hábitos alimentares e sedentarismo.

Nascemos alérgicos ou nos tornamos alérgicos ao longo da vida?
A alergia é hereditária, porém ela só se desenvolve no momento em que o organismo é sensibilizado por alguma substância. Filhos de pais alérgicos têm cerca de 40% a 90% de chances de desenvolver a doença.

Quais são os principais fatores causadores?
Existem vários tipos de alergia e cada um tem suas próprias características. Embora cada organismo reage de uma forma diferente a determinada substância, os causadores mais comuns são: ácaros, pólen, fungos, descamação de animais (ex.: cães e gatos), insetos (ex.: baratas), alimentos e medicamentos.

Que sintomas podem levar um indivíduo a desconfiar que é alérgico?
São bem conhecidos: coceiras nos olhos e no nariz, espirros, narinas congestionadas, tosse e falta de ar. Há também alergias que causam reações como urticárias - lesões avermelhadas que coçam - inchaços, dor de estômago e diarréias.

E a sensibilidade ao pólen é comum?
Segundo estudo realizado pelo British Medical Journal, uma em cada seis pessoas no mundo sofre de alergia sazonal ao pólen. Na primavera, ele acaba se tornando o principal agente causador.

A asma é uma alergia? E a bronquite?
A asma é uma doença crônica dos pulmões, que pode se resumir na contração da musculatura brônquica e processo inflamatório em resposta a um agente desencadeante. Quando esse agente é um alérgeno - ácaros, pólen, fungos, cheiros fortes - ocorre a asma alérgica. Asma e bronquite são a mesma doença. Asma brônquica é o termo mais correto.

Como se faz a identificação dos desencadeadores do processo alérgico?
O diagnóstico é feito por exames laboratoriais e testes específicos como o de função pulmonar e os cutâneos, nos quais são verificadas as reações a determinadas substâncias. Para pacientes que sofrem de alergias a medicamentos, a identificação é feita pelo histórico clínico.

E a cura, é possível?
Na verdade, a alergia não tem cura. Entretanto, quando são conhecidos seus agentes causadores consegue-se facilmente mantê-la sob controle com medicamentos orais e às vezes até vacinas.

E a prevenção, é possível?
Sim. Prevenir a alergia é um processo que começa dentro de casa, com um ambiente limpo, livre de poeira e bem arejado. Além disso, é preciso seguir algumas regrinhas, como não utilizar tapetes ou carpetes, limpar a casa com pano úmido, evitar limpar a casa com desinfetantes muito fortes, usar sabão neutro para lavar as roupas, evitar o contato com animais com pêlos ou penas e retirar do quarto os brinquedos de pelúcia. Medidas simples pode podem proporcionar melhor qualidade de vida aos portadores de alergia.