12/09/2025  09h49
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
12/10/2006 - 15h10
Passeios pela Costa Sul
Maria Angélica de Moura Miranda
 

Nos anos 60, quando foi aberta a Estrada de São Sebastião até Santos, era costume de meu pai reunir alguns amigos com as famílias e passarmos o domingo no "Fim da Estrada". Eram piqueniques deliciosos numa paisagem exuberante de floresta densa e frutas silvestres.

Meu pai encostava o caminhão em jabuticabeiras centenárias e nós arrastávamos pelos galhos fazendo chover jabuticabas na carroceria. As tardes se alternavam entre as praias de Guaecá, Paúba, Toque Toque, Maresias ou onde estivesse o fim da estrada naquela semana.

Já nos anos 70, quando o tempo estava bom, a estrada ainda sem asfalto, tornou-se uma aventura para os jovens da minha época, poucos tinham carro e por isso organizávamos grupos para passeios na Costa Sul.

Num desses passeios reunimos um grupo bom, é que o carro seria uma Veraneio. O Zazo, sócio da recém-inaugurada funerária resolveu que faríamos um passeio com o carro funerário.

No domingo, lá estávamos nós: Neno, Contra-Pino, Nena, Álvaro Lingüiça, Lílian, Odília eu e outros que já não lembro. Depois de um momento de gozação, afinal a Veraneio azul-clara era pintada com cruzes douradas e tinha cortinas com franjas em todas as janelas, o que causava um certo mal-estar, mas enfim, vencidos pela alegria do passeio seguimos pela Estrada, alvoroçando os pássaros com a sirene do carro.

A idéia era chegar em Maresias e procurar a Dª Laudelina, Comadre de minha mãe - O marido dela costumava vir a pé (39 quilômetros) até o Centro para vender farinha de mandioca e peixe seco - com certeza na casa dela compraríamos peixe, farinha, passarinhos e gaiolas depois daríamos um mergulho e voltaríamos.

Não sabíamos ao certo o endereço e chegando na igreja fomos logo perguntando... Para nosso espanto ao falarmos o nome da mulher, formou-se um alvoroço no local, as pessoas corriam na frente do carro em direção a casa.

Chegando lá, numa casa simples, cheia de criação solta pelo quintal, não vou esquecer nunca, que quando ela nos reconheceu levou o avental ao rosto e veio chorando em direção ao meu irmão.

Depois que ela se acalmou, soubemos que seu marido fora internado na sexta-feira no Hospital de São Sebastião.

Quando finalmente foi esclarecido que tudo não passou de um triste engano, fizemos nossas compras e voltamos daquele passeio difícil de esquecer.

Na semana seguinte recebemos a notícia do falecimento do Compadre.


Nota: O texto recebeu o 1º Prêmio no Concurso da Prefeitura / 2000, em São Sebastião (SP).


Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.