Quem passa pelo Shopping Campo Grande nota, costumeiramente, a presença de meninos que guardam carros. Garotos com roupas velhas, que estão totalmente em contradição com o ambiente. Quem não deseja colocar o carro no estacionamento, e resolve deixá-lo na rua, sempre encontra um menino para cuidá-lo. Um dia, passando ali, pela antiga Furnas, notei que um desses guardadores de carros estava em, digamos, horário do lanche. Tinha por companheira uma garrafa de dois litros de Coca-Cola. Fiquei com aquela imagem na cabeça; só o menino destoava do ambiente. Sentado na grama, como se deixasse a hora passar, pensamento longe. Imagino que para comprar seu refrigerante ele tenha cuidado de alguns carros. Passou horas observando, passando por perto; embora eu acredite que não faz muita diferença um guardador de carros. Meninos franzinos que "evitam" outros de roubarem algo. Moreno, franzino, de olhar disperso, cuidou de carros durante algumas horas, no mais conceituado, por assim dizer, centro de lojas da cidade, para ter o prazer de comprar uma Coca. Os símbolos da sociedade de consumo, um shopping e o poder da marca, estão totalmente ligados a um menino que, provavelmente, a sociedade marginalizou (deixou à margem). Ironias de nossa querida Campo Grande. Nota do Editor: Lander Paz é estudante do 6º semestre de Jornalismo da Uniderp, MS.
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