Aprendi a não ter medo de voar em teco-tecos. Meu pai era piloto privado, tinha um avião Aeronca e me levava para passear. Fiz muitos vôos com ele e seus colegas de aeroclube. Os aviões, por serem pequenos e frágeis, balançavam muito e o ruído forte e contínuo, ainda bem, do monomotor chegava diretamente aos nossos ouvidos, mas tudo era folguedo. Depois, vieram os vôos em aviões comerciais. Era ainda tempo dos Douglas, dos Constellations, dos Viscount, até chegarmos a era dos jatos, quando a Boeing se projetou com o 707 que hoje não passa de um sucatão. Passei, entretanto, por dois sustos, um pela TAP, outro pela Varig. No primeiro caso, um motor parou. No outro, o trem de aterrissagem não recolheu. Em ambos os casos, os aviões tiveram que jogar combustível fora e fizeram pousos de emergência, depois de pânico entre os passageiros. Hoje, os aviões a jato são altamente beneficiados pelos avanços da tecnologia e têm sistemas quase perfeitos de segurança. Tudo, ou quase tudo, é controlado por sistemas de computador que ainda possuem alternativas em casos de pane, incêndios e outros incidentes e defeitos. Apesar disso, vemos, vez ou outra, cenas de desastres aviatórios e eles nos chamam a atenção pela quantidade de vidas perdidas e as dúvidas sobre as suas causas que não são totalmente respondidas pelas "caixas-pretas" que, quase sempre, são amarelas. E o amarelo é sinal de perigo. Está mais que provado que a maioria das causas em quedas de aeronaves é falha humana. O homem foi feito para viver com os pés no chão, onde pode cair e levantar mesmo que seja com o braço quebrado. Lá em cima, em meio ao firmamento, não pode haver erros, tudo tem que estar certo. E o pior é que pilotar avião é extremamente monótono, há pouca coisa a fazer, os instrumentos cuidam de todos os acertos, ajustes e alertam em perigos. Mas, e sempre há os mas, há situações em que o olho humano, o seu cuidado, atenção, são desviados por problemas que ficam aqui na terra e sobem à sua cabeça. Por outro lado, os controladores de vôo, os que ficam nos aeroportos e fornecem as "aerovias" aos aviões são funcionários com problemas como todos nós e podem falhar. Ainda bem, que falham pouco, mas quando falham o resultado é uma tragédia.
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