Um dos segmentos que mais tem se destacado nas últimas décadas é, sem dúvida alguma, o voluntariado de responsabilidade social - chamado de Terceiro Setor. Religiosidade, solidariedade ou marketing social, são algumas das motivações que têm levado pessoas físicas, e jurídicas, a se engajarem em projetos que objetivam reduzir a perversa desigualdade econômica e social existente no mundo. Entre as excelentes organizações sem fins lucrativos destacamos a, quase bicentenária, Sociedade São Vicente de Paulo - SSVP - movimento católico internacional de leigos, fundada em 1833 pelo (hoje) Beato Antonio Frederico Ozanam (1813-1853), na França. Ele a criou, juntamente com alguns companheiros, quando tinha apenas 20 anos de idade. O seu elevado grau de inteligência e o seu espírito empreendedor os lavaram a tornar-se professor da Universidade de Sorbonne. Fazer da fé cristã uma filosofia de vida, buscar a santificação própria, pregar o evangelho de Cristo e vivenciar o amor ao próximo são alguns dos valores essenciais para os confrades e para as consocias vicentinas. A atividade principal, visitas domiciliares, é planejada em reuniões de pequenos grupos (Conferências Vicentinas), que se dedicam a promoção humana de pessoas necessitadas de recursos materiais e de formação espiritual. Atuam, também, na administração de creches, hospitais, lares para idosos e outras obras afins. Presente em 135 paises (5 continentes), com aproximadamente 500 mil membros, a SSVP, na plenitude de seus 173 anos de vida é referência, inclusive para empresas da iniciativa privada. O maior tesouro das instituições, com missão focada na responsabilidade social, encontra-se no espírito de solidariedade dos voluntários, os quais nos dão uma lição exemplar de como administrar com escassez de recursos financeiros. Adequação de custos, produtividade, criatividade e qualidade na prestação dos serviços fazem parte da excelência em gestão do Terceiro Setor. Nenhuma pessoa se sujeitaria a trabalhar como voluntária para desperdiçar o seu precioso tempo - única matéria-prima que não tem reposição. Em nossa palestra no 6° Encontro (SP) Nacional dos Meios de Comunicação da SSVP enfatizamos a importância da criação do C.E.O. - Conselho Estratégico Organizacional. Ele deve ser integrado por formadores de opinião de entidades de classe, profissionais liberais, educadores e religiosos, funcionando como uma espécie de sensor das tendências mundiais. As constantes e radicais transformações científicas, tecnológicas, sociais, econômicas e culturais exigem, além de boa vontade, conhecimento multidisciplinar. Transparência na administração, planos de ação com metas claras e definidas, projetos sociais dotados de indicadores de resultados e foco na promoção humana, são indispensáveis na gestão de dinheiro de terceiros. A gestão solitária perde espaço para a gestão solidária. O C.E.O. ratificará o maior valor agregado para as instituições angariar recursos financeiros - a credibilidade. Modelo singular de credibilidade é a Fundação Bill & Melinda Gates - verdadeira multinacional da filantropia - que recebeu doação de 28 bilhões de dólares, parte da fortuna pessoal de Bill Gates, o homem mais rico do planeta, e 30,7 bilhões de dólares do empresário Warren Buffet, dono da segunda maior fortuna do mundo. A elevada carga tributária sobre transmissão de grandes heranças, nos Estados Unidos, acaba incentivando investimentos em fundações, cujas cifras anuais atingem 260 bilhões de dólares. O referido encontro foi encerrado por Dom Fernando Figueiredo, Bispo de Santo Amaro e com a elaboração da Carta de São Paulo, documento conclusivo que "delineou as principais resoluções do evento e as diretrizes para a comunicação vicentina nos próximos anos." Os vicentinos têm como convicção espiritual as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade. Nota do Editor: Faustino Vicente é consultor de empresas e de órgãos públicos.
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