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COLUNISTA
Sidney Borges
05/07/2004 - 08h06
Ventos e tempestades
 
 

Nos últimos dias Saddam Hussein voltou às primeiras páginas dos jornais. Nas fotos do julgamento ele apareceu bem vestido e barbeado, contrastando com a aparência andrajosa das fotografias feitas logo após sua prisão.

Saddam continua o mesmo de sempre, mantém o olhar duro e determinado, mesmo em condições de inferioridade tática. Vai usar no julgamento, toda a experiência adquirida em anos de luta para se manter no poder.

O mundo está de olho, os Estados Unidos especialmente. Cada palavra proferida na corte terá repercussão no processo eleitoral americano.

Mais uma vez está sendo configurado um quadro no qual Bush, "O Trapalhão", planejando obter alhos vai acabar levando bugalhos. Se deixarem Saddam falar ele vai conduzir o espetáculo de forma a complicar a reeleição de Bush. Se censurarem, as coisas ficarão piores.

Bin Laden, o inimigo número um, interessou momentaneamente aos americanos que queriam ver o circo pegar fogo quando a União Soviética invadiu o Afeganistão. Para lutar contra o inimigo de hoje nos aliamos ao inimigo de amanhã e amanhã teremos dois inimigos. É o lema dos Estados Unidos.

A diplomacia americana só enxerga duas cores num universo de duzentas e cinqüenta e seis. Como resultado coleciona fracassos e mais fracassos além de fomentar o ódio universal contra os Estados Unidos, coisa que os idiotas da objetividade creditam à inveja.

Apoiar o partido ultra-radical Taliban, no Afeganistão, foi equivalente a semear ventos. Assim age a CIA na região, desde a deposição de Mossadegh no Irã. Derruba-se uma democracia e coloca-se no lugar uma ditadura. Aconteceu no Irã e também em outras partes do mundo, no Brasil, no Chile, na Argentina etc. Na hora da colheita surgem as tempestades, não poderia ser diferente. A criatura volta-se contra o criador.

Uma nova operação é montada então. Cabe a ela convencer a opinião pública que não existem rodas quadradas. Ao custo de milhões de dólares.

O Taliban e Bin Laden receberam apoio substancial dos norte-americanos, além de ter sido da semeadura de Tio Sam que brotou a erva daninha chamada Saddam Hussein.

O apoio ao ditador iraquiano foi tão forte que chegou a abalar a aliança com Israel. Em 1981 caças israelenses destruíram instalações nucleares iraquianas, numa operação militar das mais audaciosas. A água quase entornou. Israel primeiro atacou, depois contou aos americanos.

O Mossad, serviço secreto israelense, tinha receio de que Saddam pudesse ser informado da operação. A flagrante desconfiança mostrou que apesar de aliados, os israelenses desconfiavam dos americanos.

Houve ainda um programa iraquiano de construção de um supercanhão, com capacidade de lançar projéteis sobre Teerã e Telaviv.

O projetista Gerald Bull foi morto a tiros, até hoje não se sabe quem foram os autores dos disparos.

O projeto foi abortado pelo Mossad que pôs a boca no mundo e impediu o envio de peças vitais que estavam sendo fabricadas na Inglaterra, eterna aliada dos EUA. Com medo do escândalo, o gabinete Tatcher roeu a corda. Os embarques não aconteceram.

O programa era financiado por bancos do estado do Texas. Na verdade eles apenas repassavam ao Iraque dinheiro do governo americano.

É a lógica do absurdo, dar dinheiro para um aliado construir armas que poderiam colocar em perigo outro aliado. Até hoje o assunto não foi esclarecido nos Estados Unidos. A operação secreta e ilegal envolveu mais de trezentos milhões de dólares.

O pior é que apesar dos fracassos, ventos continuam sendo semeados. Tudo pelo petróleo que em breve vai acabar. Isso talvez importe pouco. Se os americanos continuarem ignorando o resto do mundo e emitindo gases poluentes sem controle, existe a possibilidade do homem desaparecer antes.


Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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