Com o aproximar do verão e, conseqüentemente, dos dias mais ensolarados e quentes do ano, cresce a procura das pessoas por dietas e regimes alimentares. Na última hora, antes de viajar para a praia ou encarar a piscina, muitos tentam descontar, em poucos dias, todos os quilos que acumularam ao longo do ano. Nessa desesperada tentativa, vale qualquer coisa. Dietas das mais variadas, como aquelas que permitem ou proíbem tudo, as que sobrevivem apenas por um verão (chamadas dietas de estação), as fórmulas caseiras, enfim, um arsenal de receitas "milagrosas" que prometem uma perda de peso acelerada em pouco tempo. Segundo o Dr. Henrique Suplicy, presidente da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade), a busca por soluções imediatas é um dos problemas mais sérios no combate a obesidade. "Preocupadas exclusivamente com a estética, a maioria das pessoas esquece que a perda de peso é um assunto sério, que mexe com todo o organismo, e que deveria ter como passo inicial a procura de um profissional médico", diz o Dr. Suplicy. Alerta "Medidas radicais para emagrecer rapidamente podem até levar a uma perda de peso nos primeiros dias, mas, na maioria dos casos esse emagrecimento é temporário. Além disso, um dos grandes perigos está na má-alimentação, o que faz com que as pessoas passem fome e saiam muitas vezes desses regimes extremamente debilitadas, anêmicas ou com outra doença provocada por deficiência nutricional", informa o especialista. Nos últimos anos, a Anvisa, (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), proibiu a venda de dezenas de produtos que estavam no mercado anunciando o milagre do emagrecimento. Outro dado que atormenta os especialistas é que o Brasil é um dos maiores consumidores mundiais de anfetaminas, drogas cujos efeitos colaterais são muito sérios e que não podem ser administradas por muito tempo (Fonte: Cebrid). Cada caso é um caso É consenso entre os especialistas que uma dieta saudável que estimule a perda constante de peso consiga prover todos os nutrientes de que o corpo necessita. A dieta deve basear-se em alimentos nutritivos, porém de baixas calorias, deve ter capacidade de proporcionar saciedade e estar aliada a um programa de reeducação alimentar em conjunto com exercícios físicos. Entretanto, reforça o Dr. Suplicy, "cada ser humano possui suas particularidades. Por isso, a figura de um médico é essencial para a avaliar cada caso. Existem pessoas que além da re-educação alimentar e dos exercícios físicos, necessitam do auxílio de medicamentos. Os mais modernos e com menos efeitos colaterais são aqueles a base de sibutramina e os catecolaminérgicos. Trabalhos científicos apontam perda de peso semelhantes entre essas duas substâncias. A sibutramina, por exemplo, não age apenas como inibidora de apetite, mas sim, como reguladora da vontade de comer e do gasto energético. O fator preço, um limitante até pouco tempo, já não atrapalha tanto, depois do lançamento do genérico desta molécula". Sobre a obesidade Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2002-2003, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em conjunto com o Ministério da Saúde, o excesso de peso da população brasileira é hoje um problema de saúde pública mais grave do que a desnutrição. O país tem cerca de 38,6 milhões de pessoas com peso acima do recomendado, o equivalente a 40,6% das pessoas adultas. Desse total, 10,5 milhões são obesos. Para os médicos, trata-se de uma situação preocupante, porque a obesidade é fator de risco para as principais causas de mortalidade, morbidade e incapacitação no Brasil, como doenças cardiovasculares, do aparelho locomotor e diabetes, entre outras.
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