1º Dia - Não! Ainda não. Isso acontece às vezes. Respondeu Marcela. Suspirou! Franziu a testa. A resposta da sua namorada lhe causara certa preocupação. “Marinheiro de primeira viagem”, Ivo conseguiu apenas redargüir um: - É... Namoram há cinco meses. Ivo trabalha em uma gráfica. Marcela estuda, está concluindo o ensino médio. 2° Dia Ivo e Marcela encontram-se ao final da tarde. Falam-se rapidamente, pois Marcela está atrasada para um compromisso na casa da sua amiga Sandra. Ivo hesita em questioná-la novamente. A ansiedade aumenta. Pesquisa na internet sobre o assunto, o que não lhe traz conforto. 3° Dia Aflito, Ivo mal consegue trabalhar. Passa o dia inteiro a olhar o seu celular, como se ele fosse dar-lhe a reposta almejada. Resolve então desabafar com um amigo. A situação só se agrava. Sabedor da história, o amigo “incentiva”: - Pior que com o Nico acontecera à mesma coisa, e tu sabes no que resultou. Pra mim, na minha classificação, problema é daí para cima! 4° Dia Acorda no meio da madrugada apavorado. Agoniado pensa: e se acontece como neste pesadelo? Ajoelha-se na sua cama, e promete para Santo Expedito dois pacotes de velas caso ele lhe ajude. Encontra Marcela pela noite, repete a pergunta e ouve outra vez um sonoro não. Putz! Já em casa, toma água de melissa. 5° Dia Confere o saldo do fundo de garantia, qual o melhor empréstimo imobiliário da praça, faz orçamentos em imobiliárias, recorta anúncios de móveis nos jornais e roí as unhas. Assim passa o dia. Começa a conformar-se com a idéia. Indaga a Deus: - Por quê? A noite ensaia o discurso que dará para os seus pais em frente ao espelho. Seu celular toca. É a Marcela, a esperança renova-se, ele atende. Ela avisa-lhe que amanhã pela tarde irá ao médico. Quebra um prato no jantar com a família. 6° Dia Sábado. Sem expediente no trabalho, passa o dia trancado no seu aposento ouvindo música. A campainha soa. É a Marcela. Ela entra no quarto. Ivo está atirado em cima da sua cama, resignado, mal se mexe com o seu ingresso. Largando a bolsa em cima da cadeira do computador e sentando-se na cama, ela questiona-lhe: - E aí? – Aí digo eu? Foi ao médico? Replica Ivo. - Fui. - Falou da tua menstruação atrasada? O porquê disso? O que ele disse? Erguendo-se rapidamente na cama. - O médico aconselhou-nos a usar preservativo ou anticoncepcional, assim não passaremos mais por essa agonia da espera. - Agora não adianta mais... Deitou-se novamente. - Acho que nunca esquecerei desta experiência. Que agonia meu Deus! Eu grávida. Já imaginou? Demos sorte! Ganhamos uma segunda chance, devemos tomar o ocorrido como lição e dar jeito de nos protegermos... E Ivo reerguendo-se na cama, indaga: - Espera um pouco! Como é que é? Não entendi? Não me diz que... - É... Pode acreditar! A minha menstruação veio hoje pela manhã. Um grito de: graças a Deus! Ecoou pela casa.
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista, escreve semanalmente para o site www.sulmix.com.br, e para diversos jornais.
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