Acabo de chegar de Bauru, a terra sem-limites onde o Dondinho foi morar depois de deixar a acolhedora Três Corações. Dondinho é o pai do Pelé e o Pelé é o Pelé. Fui convidado pela Prof. Drª Sandra Turtelli, da Unesp, para contar uns causos de futebol no Seminário de Comunicação Esportiva promovido pelo GECEF - Grupo de Estudos em Comunicação Esportiva. O tema do Seminário foi "Intolerância e Racismo no futebol". Cabe aqui um parêntese: muito positivo o fato de alunos da universidade pública se mobilizarem num Grupo de Estudos para o futebol. Já era hora da academia decifrar o personagem lúdico que mais ocupa o imaginário do país. A sinergia era total: de um lado alunos politizados e humanizados e, de outro, professores e profissionais da comunicação discutindo um tema delicado como o racismo, com o cuidado necessário. Ainda pude presenciar o lançamento do livro da editora Saraiva: "Futebol S/A - a economia em campo", do colega de graduação na faculdade e, hoje, uma das maiores autoridades no mercado da bola, Ânderson Gurgel. Foi demais. Isso tudo sem falar do bate-papo e das histórias que ouvimos de grandes nomes da crônica esportiva de Jaú e Bauru como o engraçadíssimo Leonardo de Brito do Jornal da Cidade, o enfático Walter Lisboa, da Rádio Unesp e o "professor" João Francisco Tidei Lima, do Jornal Bom Dia, além de tantos outros. À noite, ainda fomos brindados com a doçura e a sinceridade à flor da pele da Soninha, da ESPN, da Folha e colunista de uma revista deliciosa que, por sincronia do destino, li hoje pela manhã: Vida Simples. Na carona de volta (vim embora de carona que a grana tá curta), ouvi ainda outros vários causos do "capitão" Vanthier Mantovanelli da Rádio Jauense. Soube inclusive que o Pelé certa vez foi barrado num clube social de Jaú pelo fato de ser negro, olha só que absurdo... Bem, pernoitei na verde e limpa Bocaina, onde me recebeu o amigo de toda hora César Ramos. Um detalhe: de manhã catamos jabuticaba no quintal e a jabuticabeira do César estava carregadinha, o que é um excelente sinal. Aí, peguei o Reunidas e voltei cá pra Araraquara. Sem deixar, porém, de vir observando o cerrado que ainda sobrevivi nas beiradas da estrada dessa nossa região central, desafiando as queimadas, as fumaças dos caminhões e a brutalidade dos acidentes. Nota do Editor: Rodrigo Viana é jornalista e mestrando em Estudos Literários na Unesp.
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