Houve um tempo neste nosso Brasil que a crítica ao poder constituído resultava em banimento desta terra de palmeiras onde até hoje canta o sabiá. Depois vimos o vôo do Águia até Haia. Badaró que foi líbero terminou assassinado. Alvejado, Carlos Lacerda derrubou um presidente. Na época negra da ditadura militar os críticos eram presos vivos, mas todos escaparam mortos e suas sombras tiram o sono dos verdes-olivas até hoje. Dos criticados o mais inteligente foi Juscelino. Virou bossa-nova e deu asas a Juca Chaves, governou e realizou, supostamente foi morto pelo medo que os militares tinham dele. Essa doença de curta visão parece perenizada no poder e em todos que chegam lá. Ao invés de resolverem o problema apontado pela crítica, atacam os críticos. Todos focam o problema e se esquecem da solução. A crítica deixa de existir se o problema é solucionado e não com o cala-boca em quem critica. Isto me lembra aquele que para resolver o problema dos carrapatos, abate o boi. Qualquer que seja a forma e a época, atacar quem critica o poder é repressão, pode-se dar o nome que quiserem, mas o objetivo é reprimir e não solucionar o objeto de crítica. A nova maneira de repressão é o meio jurídico. Ao ler uma crônica de Gilberto Dimenstein dizendo que enfrenta mais de trezentos processos banais que não vão dar em nada, mas que sustentam seus advogados e lhe corroe seu tempo e seu patrimônio, que mesmo assim se considerava aliviado quando lembrava que Boris Casoy responde a mais de três mil processos começamos a entender a nova arma dos incompetentes que estão no poder. Dinheiro público não lhes falta, e a qualquer sentimento melindrado, chamam os advogados que nós pagamos com nossos impostos. Resolver o problema ninguém quer. É mais fácil arrumar mais problemas. Em última análise, o caos é mais aliado dos incompetentes já que na ordem e o progresso não encontrarão lugar. Abater o crítico que critica e afeta o status quo é crime de lesa humanidade e nos leva a antever um futuro de ocupantes de poder pelo poder, sustentados por um povo servil e cabrestado. Triste futuro para o país do futuro. Não foi este o Brasil que meus pais sonharam para mim e não é este o país que construirei para os meus filhos. Maria Eduarda Costa Mendonça mariaeduardacm@yahoo.com.br
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