As dificuldades sexuais do homem e da mulher também têm sua origem em fatores culturais, religiosos e familiares. Esses fatores são os preconceitos, os mitos, as crendices e os tabus. Eles foram criados em determinada época da história da humanidade com fins específicos e transmitidos de gerações em gerações até os dias de hoje. Quanto mais rígida for a educação em uma sociedade em relação à sexualidade, maiores serão os preconceitos e os tabus, com proibições e imposições de como os indivíduos devem se comportar em relação ao sexo e como devem praticá-lo. Os mitos e as crendices também distorcem a compreensão real da sexualidade com explicações falsas, irreais e cheias de superstições que influenciam a todos, independentemente do nível sócio-cultural. Os brasileiros apesar de serem considerados abertos nas questões sobre sexualidade, eles ainda mantêm muitos preconceitos, mitos e tabus. Sentem-se envergonhados e desconfortáveis em procurar pessoas capacitadas para esclarecer suas dúvidas pessoais ou para ajudar em suas dificuldades. Essa falta de conhecimento do assunto leva-os a muita angústia, ansiedade e sentimento de culpa em relação ao sexo. Em nossa sociedade, quanto mais esclarecidos forem os homens e as mulheres quanto aos conceitos equivocados que influenciam o desempenho sexual de cada um, mais preparados estarão para compreender os riscos que podem levá-los a desenvolver dificuldades sexuais e dificuldades de relacionamento. Os mitos mais comuns: 1. O Brasil não tem homens com dificuldades sexuais. • Os homens em geral não falam sobre suas dificuldades sexuais por preconceito e por vergonha. Preferem sempre contar vantagens sobre a boa performance. Conforme o Estudo da Vida Sexual do Brasileiro - EVSB, realizado em 2004 pela Drª Carmita Abdo as dificuldades sexuais estão presentes em 45% dos homens brasileiros e apenas 7% deles falam sobre as suas dificuldades e procuram algum tipo de tratamento. 2. O homem sempre está disposto para o sexo e nunca pode recusá-lo. • Homens com dificuldades sexuais muitas vezes evitam um contato mais íntimo e evitam a relação sexual. Existem também algumas situações estressantes do dia a dia que fazem o homem perder o desejo sexual. 3. Os homens só pensam em sexo e com penetração vaginal. • Os homens pensam mais em sexo que as mulheres devido à potência de seus hormônios, os andrógenos, uma diferença biológica entre ambos. Eles também gostam de estímulos preliminares com diferentes formas de toques e carícias no corpo, sexo oral e anal, masturbação mútua e outras práticas que os levem a uma maior excitação sexual e até ao orgasmo sem a penetração vaginal. E uma questão de descobrirem através do diálogo outras brincadeiras sexuais. 4. O homem nunca deve expressar seus sentimentos nem chorar. • Reprimir as emoções e os sentimentos pode levá-lo a desenvolver depressão e conseqüentemente dificuldades sexuais. 5. Somente o homem é o responsável pelo prazer da mulher e a satisfação sexual feminina depende sempre do desempenho sexual do homem. • É por essa crença que o homem fica preocupado com sua performance sexual de tal forma que acaba desenvolvendo ansiedade de desempenho, conseqüentemente dificuldades sexuais como a ejaculação rápida. O Estudo da Vida Sexual do Brasileiro mostra que 55% dos homens têm medo de não satisfazer a (o) parceira (o). 6. O homem tem que ter múltiplos orgasmos, várias ereções numa mesma relação sexual, senão "ele não dá no couro". • A mulher pode ter mais de um orgasmo na mesma relação sexual, mas o homem após o orgasmo tem um período que se chama refratário, onde necessita de um tempo variável de descanso para se recompor. 7. O homem após o orgasmo se torna apático e dorme por não se interessar mais pela companheira. • Após o orgasmo, o homem cai num profundo relaxamento físico e bem-estar necessitando de um tempo para recompor-se. 8. Todo relacionamento sexual é igual mesmo que mudem os parceiros, por isso não precisa de diálogo e sim de prática. • Como se fazer sexo fosse como uma máquina ou um computador, que não precisa conhecer a individualidade, as necessidades, os desejos e as fantasias dos parceiros. 9. Masturbação não é sadia e provoca doenças, nascem pêlos nas mãos, dá acne, fadiga e falta de energia. • Masturbação não é prejudicial à saúde física e mental nem provoca doenças. Na realidade ela significa uma forma de autoconhecimento do corpo, das zonas erógenas de prazer e auto-satisfação. O tabu da masturbação nas mulheres é bem maior por causa da rigidez da educação a que são submetidas causando sentimento de culpa e aversão na sua prática. (ver Masturbação e história no www.wmulher.com.br). 10. O homem que perde a ereção perde sua virilidade. Ou o homem que perde sua ereção não tem mais interesse por sua parceira (o). • O homem pode perder a ereção esporadicamente, o que não significa uma dificuldade sexual ou um desinteresse por sua parceira. Devido ao medo de fracassar novamente e perder sua virilidade o homem fica ansioso, passa a recusar sua parceira e começa a desenvolver uma dificuldade sexual. 11. O tamanho do pênis interfere no prazer e na satisfação sexual do homem e da mulher. • O que determina o tamanho do pênis são as características físicas e genéticas de cada um. É errônea a idéia de que quanto maior o pênis maior será o prazer proporcionado à mulher. A musculatura da vagina da mulher é elástica e se acomoda a qualquer tamanho de pênis, possui uma maior sensibilidade ao toque na parte mais externa que interna, não importando o tamanho do pênis e o quanto ele penetra dentro da parte profunda da vagina. Esse mito faz com os homens procurem métodos inadequados de alongamento de pênis que podem ferir e traumatizar o órgão. 12. As mulheres gostam de pênis grande. • Durante muito tempo se relacionou o tamanho do pênis à virilidade, força, poder do homem e conseqüentemente a maior satisfação sexual. Hoje sabemos que o tamanho do pênis não influi no prazer sexual e, se houver influência ela será pelo fator psicológico ou pela crença de que o tamanho interfere no prazer. 13. Os homens devem iniciar sua vida sexual cedo. • A sociedade impõe que o homem deve iniciar cedo sua vida sexual, mas não existem regras para isso e depende de cada um o momento certo. A falta de amadurecimento, a procura por uma mulher ideal, ou a opção de um casamento ainda virgem são razões para o homem retardar o início do sexo em sua vida. 14. O uso da camisinha tira a sensibilidade do pênis prejudicando o prazer, impedindo o orgasmo e a satisfação sexual. • Esse mito pode estar relacionado à falta de hábito no uso da camisinha, mesmo porque hoje em dia a indústria utiliza alta tecnologia na fabricação dos preservativos. A camisinha não só protege e previne doenças sexualmente transmissíveis como também evita uma gravidez indesejável. 15. A homossexualidade é uma doença. • Não é doença, é apenas uma orientação sexual onde a atração se dá entre duas pessoas do mesmo sexo de forma natural e espontânea. 16. Os idosos não sentem mais desejo sexual e já passaram da idade para uma relação sexual. • Faz parte da qualidade de vida saudável dos idosos a prática sexual. Muitos idosos mantêm a chama acesa do desejo e do desempenho sexual e são ativos.
|