12/09/2025  06h40
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
07/11/2006 - 17h16
Variações em torno da maldade
Ipojuca Pontes - MSM
 

Tudo que é preciso para que o mal triunfe é que os homens de bem nada façam”. - Edmundo Burke, liberal inglês

Faço algumas observações, ainda na ressaca eleitoral de 2006, sobre o mundo que nos cerca. Elas dizem respeito ao presidente Lula da Silva, ao ditador Fidel Castro, ao sofista Delfim Neto e ao indiciado Antônio Palocci. São notas variadas em torno de um mesmo tema – a maldade – e suas eternas variantes de corrupção, violência, cinismo e impunidade.

1 - Sobre Lula: relendo outro dia “Eichmann em Jerusalém”, de Hannah Arentd, sobre o julgamento do carrasco nazista que conduziu milhões de judeus para os fornos dos campos de concentração, me lembrei do vosso reeleito presidente. Tal como Adolf Eichmann, que alicerçou a “banalidade do mal” na Alemanha, o Luiz Inácio permitiu que se institucionalizasse no Brasil a “banalidade da corrupção”, tornando-a uma espécie de feijão-com-arroz do nosso cotidiano político. No julgamento de Jerusalém, acompanhado de perto por Arentd, o carrasco nazista alegou que não se sentia responsável pelo genocídio, visto que apenas cumpria ordens superiores, como se ordens superiores em casos de extrema maldade (genocídio) fossem verdades inquestionáveis.

Certo: o vosso presidente não mandou ninguém para os fornos crematórios. Mas, num outro plano da maldade, que diz respeito à corrupção instalada no Palácio do Planalto, Lula não só fechou os olhos, como se diz isento de responsabilidade pessoal por “erros cometidos por outros” – exatamente as pessoas que, escolhidas a dedo e a serviço da manutenção do poder, tornaram o roubo, a fraude e a mentira a moeda corrente da vida nacional. Pior: tornaram boa parte da nação politicamente conivente com a “banalidade da corrupção”.

Só mais uma informação: Eichmann, o carrasco nazista que banalizou o mal, foi julgado em 1962 (em Jerusalém), condenado à morte e levado à forca.

2 - Sobre Fidel Castro: depois de seis semanas sem aparecer aos olhos do mundo, o ditador cubano, como resposta à revista Time que o deu como portador de câncer terminal, apareceu em vídeo com agasalho vermelho, segundo a imprensa burguesa “com boa aparência, caminhando e falando ao telefone”.

O que o fato tem a ver com a maldade? Tudo. O tirano Fidel Castro é a própria essência da maldade. Ainda estudante, seu pendor pela violência sanguinária infernizou a vida de Cuba. Ele organizou um grupo de vândalos, “Los manicatos” (“mãos-duras”), para fazer arruaças e impor sua vontade pessoal. Mais tarde, conhecido como o “homem do colt 45”, aderiu ao gangsterismo político, executando adversários e dirigentes sindicais (como, por exemplo, o líder estudantil Leonel Gómez e o sindicalista portuário Aracelio Iglesias). Segundo o “Livro Negro do Comunismo”, de autoria dos socialistas Stéphane Courtois e Jean-Louis Margolin, Castro foi o responsável direto pelo extermínio, tortura e prisão de mais de 80 mil pessoas.

Na minha família duas pessoas morreram de câncer. E uma sobrinha, em Turim, é especialista em câncer terminal. Os olhos fundos de Fidel, sua palidez, os estímulos retardados na fala indicam que ele, tal como ocorreu com o “Tirofijo”, na Colômbia, não tem seis meses de vida.

(Ainda assim, junto com Chávez, Evo Morales e Lula forma a banda dos “Quatro Cavaleiros do Apocalipse”).

3 - Sobre Delfim Netto: numa solenidade promovida pelo Jornal do Comércio, no Copacabana Palace, o sempre educado Bernardo Cabral me apresentou a Delfim Netto, o sinuoso czar da economia dos governos militares de Costa e Silva, Médici e Figueiredo, à época, tido como responsável pelo florescimento do “milagre brasileiro”, na realidade uma mágica alicerçada no governo Castelo Branco por Octávio Correia de Bulhões e Roberto Campos – mas, posteriormente, de efeito desastroso para o País quando o crédito externo começou a ser cobrado com juros elevados.

Delfim - baixinho, cabelo pintado, bem vestido e de bochechas murchas - era a imagem do próprio capeta, olhar vivo, malicioso e convincente. Se tivesse um gorro de pele na cabeça, seria a reedição miúda de um membro da nomenklatura da Era Brejnev, outro “czar” que escondia, só na Rússia, 43 milhões de miseráveis - a “ralé branca”.

Delfim é tipo que atua como um rolo compressor. Meses antes, para persuadir o PT (Stédile), tinha escrito um artigo ambíguo sobre entrevista concedida por Karl Marx ao The Chicago Tribune, em 1879, enfatizando que o “pai do socialismo científico” explicitava à época caminhos não violentos para se chegar à revolução.

Eis a falácia: anos depois da entrevista, valendo-se de escritos (incendiários) do mesmo Marx publicados em 1882 (um ano antes de morrer), o fanático Lenin conduzia a Rússia a um banho de sangue sem precedentes na história, terminando por liquidar, sem dó nem piedade, todo o clã dos Romanov.

Delfim que, dizem, orientava o ex-ministro Palocci, agora é candidato a ministro da Agricultura do segundo governo Lula, o amante da Revolução Cubana. Mas não duvidem do diabólico Delfim: mais cedo do que se pensa, retornará ao posto de czar da economia!

4 - Sobre Antonio Palocci: O Ministério Público do Estado de São Paulo pediu a prisão preventiva do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, edição cabocla do Dr. Jekyl e Mr. Hide (de dia era uma coisa e de noite praticava misérias), pronunciado por formação de quadrilha, peculato (desvio do dinheiro público) e falsificação de documentos. O promotor Costa Filho diz que a prisão de Palocci visa “colocar fim à organização criminosa que se enraizou na região de Ribeirão Preto colocando em risco a ordem pública e econômica da cidade”.

O promotor Costa Filho não sabe onde está vivendo, coitado. O advogado de Palocci já apareceu e disse que ele agora é deputado em Brasília e só pode ser processado pelo STF.

Quem aposta que Palocci não pega um só dia de cadeia?


Nota do Editor: Ipojuca Pontes é cineasta, jornalista, escritor e ex-Secretário Nacional da Cultura.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.