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SEÇÃO
Crônicas
09/11/2006 - 10h55
Acordei com vontade de dar um murro em alguém
Artur de Carvalho - Agência Carta Maior
 

Eu ando com vontade de comprar um daqueles sacos de boxe. Não aqueles saquinhos pequenos, que parecem uma bolinha, e que a gente tem que ficar dando seqüências de murrinhos para pegar ritmo. Não. Eu queria mesmo um daqueles grandes, que ficam pendurados no teto das academias, sabe? Daqueles que o Silvester Stallone/Rock não tinha na casa dele, e que ele acabava usando umas peças de carne no açougue para treinar. Aqueles sacos de couro, cheios de areia. Pesados. Para falar a verdade, desde criança eu queria ter um desses. Eu só não pedi um de natal ou de aniversário para os meus pais porque eles já me achavam esquisito o suficiente, e se eu aparecesse com um saco de areia e passasse a esmurrá-lo nos meus tempos livres, era capaz que eles me internassem, ou coisa parecida.

Depois eu fui crescendo e esse negócio de boxeador ficou um pouco fora de moda. A onda nos anos oitenta eram os homens sensíveis, delicados, que ajudavam nas tarefas da casa, ajudavam a trocar as fraldas das crianças e tudo mais. Ficar dando murros e demonstrando a sua agressividade era coisa de homens retrógrados, que não conseguiam acompanhar as mudanças do seu tempo.

Aí, outro dia desses, eu estava tentando me lembrar e, depois de muito pensar, cheguei à conclusão de que, durante toda a minha vida, eu nunca havia dado um murro em alguém. Ou em alguma coisa. Tudo bem. Eu aceito que ficar aí, distribuindo murros e arrumando brigas não é a solução para nossos problemas, e que não há nada nesse mundo que a gente não possa resolver na base da conversa e da diplomacia. Mas pombas. Passar a vida inteira sem dar NENHUM murro, aí também já é demais, não é não? Nem um murrinho na mesa de vez em quando, para impor respeito nas reuniões, eu acho que dei.

Então, antes que eu faça uma besteira por aí e acabe despejando anos e anos de violência reprimida em cima de alguém que não tem nada a ver com isso, eu resolvi comprar um saco de boxe. Eu estava até pensando em dar uma inovada. Eu poderia, por exemplo, comprar um daqueles sacos e colar a fotografia de alguém de quem eu não gostasse muito, e esmurrar até cansar. Eu acho, inclusive, a idéia tão boa que já estava até pensando em patenteá-la. Você não compraria, por exemplo, um saco de boxe com a fotografia do... da... Ah, não me crie problemas, você sabe muito bem de quem eu estou falando.

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