Ser convidado para tomar café na casa da tia Neta, ainda mais em um dia de frio e chuva, era o melhor que eu poderia esperar para um sábado à tarde. Seus cafés eram repletos de iguarias, um café colonial, pode-se assim traduzir. Chego à casa da tia por volta das 17h00, a mesa já estava servida, só esperavam a minha chegada. O tio Valmir já se encontrava sentado à mesa, junto-me a ele, e logo, começamos uma longa e prazerosa conversa. Entre fatias de bolo e pão, questiono a tia Neta a respeito de como estava o aniversário de 15 anos da sua afilhada, a Mônica, que acontecera no sábado anterior. A tia prontamente responde: - Meu filho! Eu não gostei do aniversário. - Por que tia? - Bom, primeiro vou lhe falar da comida: o arroz estava mal cozido e a salada de maionese estava com um gosto horrível... Sem falar da alface. - E a aniversariante, o vestido era bonito? - O vestido era lindo... Só não gostei do véu que colocaram nela... A decoração que não estava bonita. - Por quê? - Foi usada na decoração a cor rosa, só que um rosa pálido... Sem graça. - É... - Guri! Tu tinhas que ter visto os garçons, tudo de gravatinha borboleta e cabelo lambido... Tinha um parecidíssimo contigo... Coisa mais linda. - Eu de gravata borboleta? Por favor tia, não! Eu não. E os pais da aniversariante? - O Silvio estava muito elegante... Já a Berenice... Eu não gostei do vestido e do cabelo dela. - Mas e a festa? Pelo menos estava animada, o pessoal dançou? - Que nada! Ficaram todos sentados com cara de sono. Enquanto eu conversava com a tia sobre o aniversário, o tio Valmir lutava bravamente para abrir a tampa de um pote de mel. Foi então que lhe dirigi a palavra: - E você tio, também não gostou da festa? E ele respondeu secamente: - Eu adorei... O churrasco estava bem assado e a cerveja bem gelada!
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista, escreve semanalmente para o site www.sulmix.com.br, e para diversos jornais.
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