Maluf que sempre afirmou nunca ter tido contas no exterior declarou à Justiça Eleitoral que tem contas no exterior. Maluf supera qualquer tentativa de entendimento, é a contradição em forma humana. Maluf deveria estar sendo ouvido pela CPI do Banestado, há indícios suficientes para que ele seja convocado. Não será, o deputado José Mentor, do PT, relator da CPI, tentando justificar o injustificável, tergiversa, foge do assunto e em jogada tipicamente "malufeana" age de forma contrária ao que sempre pregou. Lembro-me bem da angústia que acometeu a mim e aos meus amigos numa noite do longínquo ano de 1968 quando José Mentor, estudante de direito e militante do movimento estudantil foi preso pela ditadura. Depois de todos esses anos ao vê-lo agir de forma escusa, protegendo um suspeito para beneficiar a candidatura de Marta Suplicy, perde o meu respeito. José Mentor é um político menor, igual a qualquer membro da oligarquia conservadora que sempre dominou este país. Ao contrário dos vinhos, piorou ao envelhecer. Mudam os homens, permanecem os métodos e as práticas. Por falar em tentativas de proteger Marta Suplicy, a quem admiro e respeito, a idéia de jerico de usar Maluf para ir para o segundo turno poderá configurar um tiro pela culatra. O eleitorado confunde as coisas quando se trata da prefeita. Ela é autêntica, não pratica a tradicional hipocrisia que permeia a vida nacional. Marta, como todos os mortais, busca a felicidade. Seu casamento com Eduardo Suplicy acabou. Da vida em comum restou uma bela família e respeito mútuo. Ela arranjou um novo amor, as pessoas precisam de amor, sem ele a vida não faz sentido. O imaginário repressor das mulheres acostumadas às novelas não entendeu. Como pôde ela largar um santo homem como é o senador Suplicy e casar-se com um argentino de trajetória duvidosa? Marta está feliz, isso é o que interessa, se não fez uma administração melhor em São Paulo foi por questões circunstanciais, São Paulo tem problemas de infra-estrutura que a tornam quase impossível de ser administrada. As mulheres não vão votar em Marta, também não vão votar em Maluf, votarão em outros candidatos. Para tentar mudar essa tendência os "gênios" da comunicação inventaram um novo amor para o senador Suplicy. É preciso mostrar às mulheres que apesar de haver argentinos envolvidos, a vida dele não é um tango. A naturalidade das fotos em que o novo "casal felicidade" passeia por São Paulo, estampada nos jornais, me faz lembrar de notas de trinta e dois dólares. Suplicy gosta mesmo é de cantar músicas de protesto dos anos 60, que fizeram sucesso na voz de Joan Baez. De tanto cantá-las deve ter influenciado o filho Supla. É isso o que merecem José Mentor e os comunicólogos do PT, entradas grátis para o próximo show de Supla. Quero vê-los sofrer.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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