O aumento da esperança de vida é o grande responsável por uma profunda transformação da sociedade: a preocupação e a dedicação à promoção da saúde física. Se homens já vivem, em média, 74 anos e mulheres 78 é natural que busquem manter o vigor físico. "A idéia de Brasil como um País jovem é parte do passado. Somos uma nação em pleno envelhecimento", destaca o presidente da Associação Internacional de Geriatria, Dr. Renato Maia. "Há vinte anos, no DF só existiam três médicos especializados em Geriatria. Hoje, há cerca de 60. Esse aumento é resultado da tendência que as pessoas têm de procurar o médico antes dos 50 anos em busca de um envelhecimento saudável", revela. Outro indicativo de que saúde é o que interessa são as editorias especializadas. A Revista do Correio Braziliense, o maior jornal da Capital Federal, dedica boa parte do espaço, todos os domingos, ao tema. Para a jornalista Maria Vitória, a população está cada vez mais interessada em qualidade de vida. "Percebemos que a procura não é somente sobre a doença e seus sintomas, mas sim sobre como preveni-la", relata. Da mesma forma, a Rede Globo mantém quadro semanal sobre saúde, no programa Bom Dia DF. Segundo a editora-executiva Joelma Chaves, a iniciativa surgiu após pesquisa feita pelo Jornal Nacional sobre os assuntos que mais interessam os telespectadores. "A saúde estava entre os temas favoritos, empatando com esportes e entretenimento. Não é a toa que por semana, recebemos no site cerca de 600 votos para a escolha das matérias. Diante disso, temos a intenção de mostrar o que há de melhor". A lista dos livros mais vendidos também revela que os brasileiros estão consumindo saúde. O mestre Nuno Cobra - responsável pela preparação física de grandes nomes, como Ayrton Senna e Abílio Diniz - que o diga. Seu livro, "A Semente da Vitória", vendeu mais de 350 mil exemplares. Com uma agenda lotada, ministra palestras e workshops em vários países, nas quais apresenta seu método de sucesso. Para o médico e pesquisador Cláudio Portella o que vemos hoje é apenas a ponta do iceberg. Para ele, indivíduos e organizações devem ampliar, em pouco tempo, o escopo dos investimentos em saúde. "Na última década, a sociedade tomou consciência dos aspectos básicos - atividade física regular, alimentação balanceada, distância do tabaco e exames preventivos. Mas, como o conceito de saúde engloba bem-estar mental e social, ainda há muito a ser feito", enfatiza. Ele aposta que nos próximos anos, estaremos mais atentos às doenças mentais - como depressão - e, também, aos cuidados com as relações. "Definitivamente, vive mais e melhor quem está cercado por uma rede de apoio social e afetivo", conclui.
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