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Opinião
16/11/2006 - 09h44
A Universidade ensandecida
Mario Guerreiro - Parlata
 

O cônsul Juan Andrés Ordoñez Gómez, lotado no Rio de Janeiro, mostrou ser um fiel representante do governo do México, pois não teve dúvida em chamar a polícia para proteger o edifício do consulado de uma possível depredação feita por um dos assim chamados "movimentos sociais". Como a baderna não era no campo, não se tratava do MST ou assemelhado, mas sim de professores e estudantes da UFRJ, alguns dos quais representantes da ANDES (Associação Nacional dos Do(c)entes do Ensino Superior).

Segundo o jornaleco da ADUFRJ de 7/11/2006, os manifestantes concentraram-se no local as 11h a.m. e, com um carro de som improvisado, fizeram discursos contra o governo do México como se fossem membros da oposição hoje representada - após 70 anos no Poder - pelo PRI (Partido Revolucionário Institucional), uma verdadeira contradictio in adjectio, a exemplo de algo tal como "Partido Monárquico Republicano", Ops! Pediram para serem recebidos pelo cônsul com o objetivo de entregar um documento intitulado: "Declaração de Repúdio à Ação do Governo Mexicano contra a Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca".

Segundo ainda o supramencionado pasquim, tal declaração "exige o fim imediato da repressão, a renúncia do governador daquele estado, Ulisses Ruiz, e a investigação e punição dos culpados pelas mortes de ativistas do movimento ao longo das últimas semanas". Como vemos, os redatores do referido documento não fazem por menos ao usar o verbo "exigir", e o que é mais canhestro ainda: trata-se de uma exigência feita por brasileiros em relação a uma nação soberana estrangeira, razão pela qual o referido cônsul tomou a coisa, na melhor das hipóteses, como uma patuscada tupiniquim e, na pior, como um insulto ao seu país!

Prossegue ainda o jornaleco: "A professora (...), diretora da regional Rio da Andes - SN, leu uma nota do Sindicato dos Docentes em defesa do povo e da Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca". Ficamos só imaginando qual a reação desses professores e estudantes da UFRJ, se fosse o caso de um manifesto redigido por professores e estudantes da UNAM (Universidad Autonoma de México) repudiando a mais recente tentativa do Estado brasileiro de controlar a Internet, como almeja o projeto "muy demócratico" do senador Paulo Paim (PT-RS) inspirado na China comunista... Certamente, eles protestariam veementemente contra tal ingerência nos problemas internos de uma nação soberana: o Brasil. Ou não?

Mais a coisa foi mais longe ainda: "Além da renúncia do governador Ruiz, (...) o ANDES - SN cobrou ainda a implementação de um plano emergencial em defesa da integridade dos povos da região, bem como a intervenção do Estado brasileiro na questão". Diante disto, confesso que em toda a minha vida de 62 anos, bem ou mal vividos, nunca vi coisa semelhante a esta mistura de estupidez política, prepotência, autoritarismo e ingerência em assuntos internos de uma nação soberana. Fosse um manifesto feito por estudantes, não passaria de um compreensível arroubo juvenil do tipo: Hay gobierno, soy contra! Mas que dizer quando os autores da coisa são professores universitários que pretendem liderar sua categoria profissional?! Cegos guiando cegos?

Vejam agora como o artiguete do referido jornaleco tem um desfecho "heróico e retumbante": "Conclamamos todos os movimentos sociais e de defesa dos direitos humanos a acompanharem os desdobramentos dos graves acontecimentos que fazem sangrar todos os lutadores latino-americanos, em defesa da vida e da integridade dos povos, em defesa do direito de manifestação e de auto-organização dos que lutam pela justiça e pela igualdade social". Igualdade social? Isto não passa de uma utopia, que se por caso se realizasse destruiria a liberdade individual [vide a este respeito Mario A. L. Guerreiro: Liberdade ou Igualdade?, Porto Alegre, Edipucrs, 2002].

Parece que não é só nosso chefe do Poder Executivo que aspira a ser o Rei dos Mendigos ou Supremo Líder dos países do Terceiro Mundo, nossos professores e estudantes universitários pretendem resolver as mazelas de outros países, sem perceber as gravíssimas do seu.

Como desmemoriados não somos - tampouco habitantes da Ilha dos Comedores de Lótus da Odisséia de Homero - lembramo-nos muito bem de manifesto semelhante a esse quando da revolta de Chiapas (México) e do seu líder comunista que atendia pelo cognome de Sub-Comandante Marcos. Quem seria seu superior hierárquico? Ora, Ora, El Coma Andante, Fidel Castro?! Com certeza... Podes crer, amizade...

APÊNDICE I: GENTE RICA É OUTRA COISA!

O presidente Lula doou cerca de R$ 1 milhão para cinco políticos petistas que concorreram ao cargo de governador nessas eleições. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as doações totalizam R$ 932,1 mil. De acordo com os registros disponíveis na página do TSE na internet, a candidata petista derrotada ao governo do Distrito Federal, Arlete Sampaio (PT-DF), foi a que recebeu a maior doação de Lula: R$ 563,3 mil. Em segundo lugar, aparece o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, que recebeu R$ 185,8 mil. O governador eleito da Bahia, Jaques Wagner ganhou R$ 79,9 mil. Já Flávio Arns, candidato derrotado ao governo do Paraná, ficou com R$ 87 mil. O ex-ministro da Pesca José Fritsch conseguiu R$ 16,1 mil. (Tarciso Nascimento, do site Congresso em Foco, reproduzido por www.rplib.com.br.)

Estamos certos que o Presidente não teria a menor dificuldade em explicar para os fiscais de renda a origem desse dinheiro, aliás perfeitamente compatível com seus dois salários e uma poupança... caso lhe fosse pedida uma explicação, é claro.

APÊNDICE II: NINGUÉM CONTROLA MAIS ESTE PAÍS!

No ciclo histórico que estamos penosamente atravessando - a saber: o da Casa da Mãe Joana que se alterna perenemente com o da Ditadura Draconiana - ninguém controla nem fiscaliza mais este país! E em nenhum dos quatro elementos! Na terra não há polícia para reprimir a bandidagem generalizada nem guardas para fiscalizar o trânsito; na água há muito que já não temos uma guarda costeira devidamente equipada para fiscalizar a pirataria e reprimir o contrabando; no fogo ninguém é capaz de conter as queimadas da Floresta Amazônica e finalmente, no ar já não temos controladores de vôo em número suficiente para atender a crescente demanda de viagens aéreas. É mole ou quer mais?

E as verbas da Aeronáutica... minguam cada vez mais que nem o salário do professor Raimundo...


Nota do Editor: Mario Guerreiro é Doutor em Filosofia pela UFRJ. Professor Adjunto IV do Depto. de Filosofia da UFRJ. Ex-Pesquisador do CNPq. Ex-Membro do ILTC [Instituto de Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência], da SBEC. Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Análise Filosófica. Membro Fundador da Sociedade de Economia Personalista. Membro do Instituto Liberal do Rio de Janeiro e da Sociedade de Estudos Filosóficos e Interdisciplinares da UniverCidade. Autor de obras como Problemas de Filosofia da Linguagem (EDUFF, Niterói, 1985); O Dizível e O Indizível (Papirus, Campinas, 1989); Ética Mínima Para Homens Práticos (Instituto Liberal, Rio de Janeiro, 1995). O Problema da Ficção na Filosofia Analítica (Editora UEL, Londrina, 1999). Ceticismo ou Senso Comum? (EDIPUCRS, Porto Alegre, 1999). Deus Existe? Uma Investigação Filosófica. (Editora UEL, Londrina, 2000). Liberdade ou Igualdade (Porto Alegre, EDIOUCRS, 2002).

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