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Crônicas
18/11/2006 - 10h01
A corrupção da exclusividade
Chico Guil - Agência Carta Maior
 

Os torcedores do Vasco e do Palmeiras (para ficarmos com os times paulistas e cariocas) estão se perguntando quando é que vai passar na TV um jogo do seu time. Outros milhões de torcedores de todo o país querem saber quando terão o prazer de assistir a uma disputa do Campeonato Brasileiro que não seja entre Corinthians e Flamengo e um outro time qualquer. Sim, porque, não sei se vocês notaram, desde que a Globo comprou a exclusividade sobre a transmissão do Brasileirão, o que vemos é o Corinthians na quarta-feira e o Flamengo no domingo, e vice-versa. Há anos esses times se arrastam nas últimas posições, mas os anunciantes exigem que eles apareçam, e o povo brasileiro tem de se contentar com jogos medíocres, enquanto grandes espetáculos do futebol são apresentados para uma platéia restrita.

Eu gostaria de saber se os torcedores dos outros times têm o direito de ver ao mesmo número de jogos que os corinthianos e os flamenguistas. Digo “direito” no sentido jurídico da palavra, respectivo não só à justiça civil, como à justiça desportiva, visto que a influência da torcida é decisiva em resultados, como todo mundo sabe. O futebol já se tornou uma instituição nacional, e restringir o acesso às informações sobre os times — incluindo aquelas costumeiras reportagens sobre “como foi a semana dos jogadores do Corinthians”, ou sobre o jogador do Flamengo que está esperando bebê — não configura alguma espécie de crime prevista em lei? Principalmente quando se sabe que a motivação única de tal restrição é de caráter monetário?

A longo prazo, apostando sempre em dois times considerados os mais populares, a emissora não dá chance para a expansão das outras platéias. O que o Flamengo e o Corinthians têm que os outros não têm, senão uma poderosa publicidade?

Vamos para outros campos. Suponhamos que três passageiros de um avião da Gol sobrevivam a um ataque da esquadrilha americana sobre o Oceano Atlântico. Depois de resgatados, eles chegam em casa meio atordoados, não querem conversa com ninguém, mas as famílias se comunicam e concluem ser uma ótima oportunidade para faturar alto, vendendo as informações à maior rede de TV nacional. Pedem um milhão e a TV paga em espécie, mas exige exclusividade. Veja, leitor, a emissora oferece dinheiro para ter acesso a informações privativas, mas que dizem respeito à segurança nacional. A motivação, como no caso do futebol, é exclusivamente monetária: matéria exclusiva dá mais ibope, e mais ibope significa elevação do faturamento. Qual a diferença entre essa exclusividade e aquela respectiva a pacotes de governo, quando indivíduos inescrupulosos obtêm informações sigilosas? Talvez algumas nuances na qualidade do perfume.

Você sente a podridão? Não vamos mais falar em corrupção. Palavra gasta, não sensibiliza os nervos de ninguém. Falemos de algo que mexe com os nossos sentidos. Podridão todo mundo sabe o que é. Fede. A rede Globo mexe e remexe na podridão, oferecendo dinheiro a torto e a direito para ter as suas exclusividades sobre quase tudo, quando se trata de informações preciosas para o povo brasileiro. Peneira bem, filtra e transmite o que lhe convém. O espectador não tem a oportunidade de assistir a uma segunda versão dos fatos, pois a Globo pagou pela exclusividade, isto é, corrompeu as fontes.

Um furo de reportagem é mérito inegável de jornalistas investigativos. Mais que o frescor da notícia, ele apresenta ao leitor ou espectador o seu empenho na busca da verdade. Além disso, um informante tem o direito de comunicar-se com quem quiser. Mas quando o repórter paga pela informação, exigindo exclusividade, todo o seu mérito profissional cai no bolo cinzento da máfia da comunicação. Com sua atitude “esperta”, está roubando da população o acesso à informação plena, que lhe é de direito.

Como seria mais colorida e vibrante a Copa do Mundo, sem aquela monocromia do Super Galvão e seus super geniais comentadores! Quantos ângulos diferentes estamos perdendo, quantas informações preciosas são omitidas pela exclusividade global?

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