Muitas pessoas ficaram um tanto de macambúzias diante do resultado eleitoral para presidência da República. Tal resultado, a mim, em nada surpreendeu, como a muita gente. Não digo isso pelo forte carisma de nosso governante, segundo o Macaco Simão, réu-eleito, mas sim, por uma espécie de conspiração geral da coletividade que alimentava uma espécie de "fé" mundana na imagem imaculada do ex-metalúrgico sindicalista. A impressão que se tinha era de um certo pavor, crônico, em realmente tocar de maneira certeira em sua imagem beatificada pelos fiéis da Esquerda-igreja e assim criar uma forte desilusão em um misto com um sentimento de revolta na massa ignara que não consegue viver sem a crença em um "Salvador da Pátria" que, via de regra, sempre a afundam. O amigo pode estar se perguntando: "Como assim? A imprensa sentava o pau no Lula!" Não mesmo. Na verdade esta foi até por demais gentil com as hostes petistas, inclusive o próprio candidato a Presidência pelo PSDB que, no segundo turno, fez jus à alcunha que a muito lhe foi auferida: portou-se como um legítimo picolé de chuchu a serviço do petismo-lulismo. É fato que o Alckmista tucano bateu no senhor Luiz Inácio, porém, como a uma moça. Bateu em pontos que nada lhe fustigava de fato, visto o resultado da eleição. O trololó ficou apenas em torno do dinheiro oriundo de corrupção e mais nada. Todavia, PSDB e suas hostes, bem como a grande mídia de um modo geral, silenciaram frente a inúmeros pontos que, ao nosso ver, seriam basilares para que realmente houvesse uma reflexão séria sobre o momento que, agora, findou. Mas, como o nosso país abdicou da seriedade, eles nem foram tocados. As informações silenciadas, no caso, seriam: o estranho assassinato de Celso Daniel, o apoio petista à legalização do aborto, o dinheiro vindo de Cuba e das FARC para o PT e seu pacto de ação estratégica com estes através do Foro de São Paulo, as preferências eleitorais do PCC (não precisamos dizer por quem era e é a preferência política-partidária desta trupe), as ameaças à liberdade de imprensa que foram manifestadas em mais de uma ocasião no correr da governança petista, os benefícios das privatizações que o candidato tucano bestamente não apontou, os riscos econômicos do Estatismo petista (bem, isso a massa ignara não ia entender mesmo devido a sua crença na beatitude do Estadossauro), o fim da independência das agências reguladoras, os gastos dos cartões corporativos (este sim, um legítimo escândalo) e, por fim, a promessa de Fidel Castro (aliado estratégico do PT de longíssima data) realizada através da fundação do Foro de São Paulo de "recuperar na América Latina aquilo que se perdeu no Leste Europeu". Você leu, viu ou ouvir na grande mídia e nos debates a discussão destes pontos? Como você, eu não li, vi ou ouvi nada sobre. Por isso, fico cá eu com os meus botões a indagar-me: por que estes pontos foram praticamente condenados a um total ostracismo? Por que o PSDB não os apontou na campanha? Por que a grande mídia não os colocou no centro do debate? Por que? Ou então, podemos também levantar uma outra questão, que, penso eu, seja mais interessante: o que você pensa a respeito destes temas? É claro que a massa disforme não quer saber de esforços cognitivos, mas este não é o seu caso. Ou é? Sinceramente, creio que não e espero, com a mesma sinceridade, que você não seja o único a se preocupar e refletir sobre essa canalhice generalizada que está tomando conta de nossa Nação.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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