A coluna de Diogo Mainardi na Veja que chegou às bancas me chocou. Ele próprio pareceu tirar de letra as referências ao seu filho deficiente feitas por Mino Carta. Tenho filhos saudáveis e se olham feio para eles já viro fera. Imaginem se algum tivesse que ter proteção adicional. Digo isso porque sua coluna me levou ao blog do indigitado Mino Carta e, de lá, ao site Carta Capital, no qual nunca havia entrado. Claro, a primeira coisa que me chamou a atenção foi o patrocínio do Banco do Brasil ao Carta Capital. A esquerda política, especialmente aquela empregada nas lides jornalísticas, não vive sem a boquinha estatal e Mino, comuna como só ele é, não iria dispensar a sua bolsa-jornalismo, certamente bastante rica. No site me chamou a atenção o artigo de Delfim Netto (“Se cortar, vai fracassar”), que quero aqui comentar. Ele parece ser candidato a se tornar ministro da Fazenda de Lula lá. Mas, antes, algumas palavras sobre o blog do Carta. O último post é uma apologia ao suposto heroísmo paterno. Como não tenho como checar, fico quieto. O penúltimo fala das mortes violentas dos jovens e as atribui direta e exclusivamente à má distribuição de renda no Brasil. Essa é a balela mais furada. Em seguida fala do racismo no figurino racista das esquerdas e depois da suposta violência policial. Ora, a violência que ceifa a vida dos jovens deriva de muitas causas, mas a principal é o descenso moral pregado pela falsa ética das esquerdas. Ao colocar os delinqüentes como falsas vítimas sociais da má distribuição de renda os isentam dos atos de violência praticados contra o patrimônio, contra as pessoas e contra as autoridades constituídas (como vimos recentemente nos atos do PCC), como se cada ato de delinqüência fosse uma autodefesa individual anárquica contra um suposto crime social. O fato é que a virtude é uma conquista individual e nada pode justificar a quebra da ética judaico-cristã. Não existe crime socialmente determinado, ele é sempre um ato de responsabilidade individual. E, uma vez perpetrado o crime, é necessária a intervenção do Estado, sob pena de se cair na anomia. Ora, depois do que Mino afirmou, de que jovens saem para praticar violência e são seus autores e vítimas, depois do que fez o PCC, o que esperar de uma guarnição policial às duas horas da manhã, em plena Avenida Paulista? Precaução, protocolo de abordagem, preparação para o pior. Mas Mino vê isso como racismo, como ação deliberada contra os pobres e coisa e tal. A cantilena estúpida das esquerdas. Vade retro. Raciocina como os guerrilheiros nos tempos do regime militar. Vamos ao artigo de Delfim Netto (“Se cortar, vai fracassar”). Em resumo, ele diz que não se deve cortar gostos públicos, nomeadamente com Educação, Saúde e Previdência Social, mas que se deve melhorar a qualidade do gasto, aumentando a produtividade e a eficácia dos mesmos. Nas suas palavras: “O maior equívoco de qualquer programa é sugerir uma redução dos gastos em tais setores, onde a ineficiência (freqüentemente escondida como falta de recursos) é gravemente sentida pela sociedade. O que se deve propor, portanto, não é o corte de despesas. Pelo contrário, é assegurar o mesmo nível de despesa real, isto é, medida em termos físicos, corrigida plenamente pela taxa de inflação durante alguns anos, combinada com um aperfeiçoamento na qualidade da administração, capaz de produzir um pequeno aumento da produtividade para compensar o aumento da população (1,5% ao ano)”. É evidente que isso é irrealista. O Brasil precisa cortar gastos, sim, e cortar para valer. Esse corte tem um sentido econômico óbvio: só será possível desenvolver o Brasil com elevação da taxa de poupança, seja a privada, seja a pública, cuja formação está prejudicada pelo elevado gasto público. E o crescimento da taxa de poupança tem que preceder logicamente o desenvolvimento. Mas Delfim, bem ao gosto dos esquerdistas leitores do Carta Capital, tem uma receita diferente: esperar o PIB crescer para que as despesas seja relativamente reduzidas como proporção do PIB. Nas suas palavras: “É evidente que, qualquer que seja esse programa, ele envolverá uma redução do tamanho relativo do Estado (carga tributária) e uma redução relativa do tamanho da sua apropriação do crédito (Dívida Líquida/PIB). A insistência no ‘relativo’ é fundamental: deve ser um programa para o quadriênio 2007/2010, com objetivos temporais bem datados, que permitam à sociedade aceitá-lo, controlá-lo, o que aumentará a sua credibilidade à medida que se processar a sua execução”. O PIB não cresce por causa das exorbitantes despesas do Estado, financiadas por impostos e por crédito tomado do público. Nenhum deus coletivista pode abolir essa realidade. Essa história de reduzir relativamente a despesa é esperar que sem poupança prévia o produto possa se expandir. O fato duro e cru é que a estagnação brasileira se dá por insuficiência de poupança e ela só será superada quando as taxas e poupança voltarem ao patamar necessário. O corte de gastos tem também um sentido moral, além do econômico. Os que pagam impostos carregam nas costas o ócio remunerado de uma camada cada vez mais numerosa da população. Isso tem nome e está tipificado no Código Penal. É roubo. É preciso colocar as coisas nos eixos: todos têm que viver do seu trabalho, ganhar o pão com o suor do próprio rosto. Não aceito argumentos de coitadismo: Saúde, Educação, Previdência Social, tudo custa dinheiro. Qualquer bem econômico está sujeito à lei da escassez. Como lembrou o recém falecido Milton Friedman, não existe almoço grátis. Uma redução dos gastos permitiria a imediata geração de emprego e renda para aqueles que hoje vivem parasitariamente. Essa sim, é a forma salutar de conduzir a economia, assim como a moralidade pública. Feito isso até mesmo as taxas de criminalidade regrediriam com num passe de mágica. Trabalhar é excelente terapia. Mas aí a esquerda perderia seu discurso e seu espaço político e os homens de bem descobririam que os Mino Carta, os Delfim e os Lula servem apenas para mentir e parasitar, bem como para servir de advogados dos parasitas. Mais dia, menos dia, essa verdade será revelada. O primeiro corte de despesas pública que proponho é aquele que o Banco do Brasil dispende ao patrocinar Mino Carta. Seria modesto, mas seria simbólico. E exemplar. A comunalha teria que mourejar, como a formiga da fábula, se quisesse sobreviver no duro e rigoroso inverno que é a existência. Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro é Executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL – Associação Nacional de Livrarias.
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