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Crônicas
23/11/2006 - 16h21
O mundo vai esquentar
Marcos Alves
 

Não quero soar como trombeta do apocalipse e tampouco escrever um artigo científico, que não é minha especialidade. Mas incomoda o fato do aquecimento global ter deixado de ser um problema ambiental para se tornar algo muito mais urgente e importante. Há vários estudos em andamento, mas é quase certo que a temperatura no planeta vai aumentar até cinco graus e que o nível dos oceanos vai subir uns 30 cm até o final deste século. Não é pouco, acreditem. Pouco é o que está sendo feito para conter o avanço do aquecimento global.

É esse o tom das discussões na conferência da ONU sobre mudanças climáticas, durante o mês de novembro, no Quênia. Até os cientistas mais cautelosos admitem que o aquecimento do planeta chegou a um ponto sem volta. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse que não é mais possível ignorar os desafios impostos pelas mudanças climáticas. Há projeções sombrias sobre a relação entre calor e disseminação de doenças como a malária e a febre amarela. Com a destruição de plantações e pastagens, o resultado a médio prazo será a fome, e as migrações de povos em busca de condições mais favoráveis. A guerra por causa de água e comida.

Outra coisa que dá a sensação de que as coisas realmente não vão bem é a falta de perspectiva de melhora das condições climáticas. É possível vislumbrar um quadro bem mais favorável para as futuras gerações pela redução gradual da emissão de gases formadores do efeito-estufa. Mas isso parece improvável. Os números sobre o aquecimento do planeta aumentam geometricamente, ao passo que as estatísticas sobre progressos na redução da emissão de gases e diminuição do desmatamento não chegam a ser animadoras.

E é aí que o Brasil entra, ou melhor, fica devendo. E muito. A ponto de receber de algumas Ongs, governos estrangeiros e ambientalistas o prêmio simbólico de “Fóssil do dia”, pela recusa em aceitar o estabelecimento de metas de redução do desmatamento. Para piorar, chegou-se à conclusão que a devastação das florestas têm diminuído sim no Brasil – não como efeito de políticas públicas mas pelo desaquecimento da atividade econômica. O negócio anda ruim para as madeireiras.

Todo mundo precisa fazer mais. O que me espantou foi a frase, extremamente realista, de um cientista presente ao encontro. Ele acha que a humanidade pode sim encontrar o caminho para reduzir o super-aquecimento do planeta, mas não a partir da tomada de consciência que culmine por modificar o comportamento das empresas e pessoas. Mas por meio da tecnologia!!

Uma espécie de remedinho ou prótese que conceda a cura coletiva, se enxergarmos o apodrecimento do planeta com uma doença degenerativa. Algo como o alcoolismo ou o vício da cocaína em estágio avançado. Tem gente querendo lançar grandes quantidades de enxofre na estratosfera, de forma a conseguir efeito semelhante ao que acontece depois da erupção de um vulcão. De fato, a atmosfera resfria – como ocorreu no século 19, quando nos dois anos posteriores à erupção do vulcão Krakatoa, na Indonésia, a temperatura na terra caiu. Mas se isso for feito de forma induzida há o risco de chuva ácida e prejuízos incalculáveis para a vida marinha.

Difícil imaginar as pessoas mudando de atitude. Cada vez que ando na rua vejo mais papel, plástico, restos de comida e tudo que é tipo de dejeto na calçada. Na beira da lagoa da Pampulha mesmo, muita gente joga o lixo na margem. Se pensar nas cidades superpopulosas da Índia, na África, fica difícil acreditar em uma mudança planetária.

E as indústrias poluidoras, que produzem toneladas diárias de rejeitos? Só no Brasil são centenas, talvez milhares de curtumes e outras empresas com instalações precárias, gente sem preparo, e a preocupação em não poluir movida apenas pelo temor de ser apanhado pela fiscalização.

O Brasil sempre vai estar bem posicionado em qualquer tipo de ranking ecológico. As condições naturais, extensão, volume e diversidade de recursos são um privilégio. O país tem uma matriz energética limpa e pode lucrar com futuros acordos globais de cooperação energética e ambiental. Mas precisa ser mais incisivo na defesa desses interesses. É uma reivindicação justa.

A ministra Marina da Silva tem razão quando diz que foi nos países desenvolvidos que a degradação começou e, como medida compensatória, eles deveriam financiar projetos de recuperação e preservação ambiental, mundo afora. Mas não basta correr o chapéu. É preciso mostrar uma visão realmente progressista e consistente diante das grandes questões desse século, como o aquecimento global.


Nota do Editor: Marcos Alves é jornalista e diretor de vídeos.

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