Foi na mesa de um boteco que, no último sábado, ela me intimou: "Você é um blefe!". Ficou um clima. Meus amigos me olharam, esperando que eu me defendesse. Preferi deixá-la se explicar: "Sabe as crônicas dele? Os temas são meus! Eu que dou os temas das crônicas que ele publica no Comunique-se! Algumas eu até vivi! Até vivi!" É verdade. Seu nome é Giséle Castilho, 20 anos, diretora de produção da webnovela Alô Alô Mulheres. A cada dez textos, cinco vêm dela. Três pulam da gaveta e dois saem na pressão do deadline. Sim. Aquela Giséle com acento na paroxítona é ela. O Posto de Zé Pereira fica perto de onde ela mora. E o videokê do Tião foi a Giz que me apresentou. E ela já está acostumada. Sempre finaliza uma história com: "pode aumentar e publicar que essa é boa". E eu anoto. Assim como todo repórter tem uma fonte, todo cronista deveria ter uma Giséle. A diferença é que fonte não se revela. Giséle não se esconde. Confissão registrada, vejam a última da menina: Domingo. Dia de jogo. Ela, são-paulina roxa, foi com amigos para um bar. Eu, avesso ao esporte (e ao São Paulo) comento: - Não sei qual é a graça de fazer um programa desses... O que se conversa num boteco com aquela gritaria do Galvão de fundo? Ela respondeu com naturalidade: - Jogo no telão, cerveja no copo, pé em cima da mesa... Vou falar de quê? De mulher, pô... E riu enquanto eu puxava o bloquinho. Nota do Editor: Leandro Barbieri é roteirista, diretor e pesquisador de Telenovelas nacionais. Escreveu Retrato da Lapa (a primeira novela da TV a Cabo brasileira) e Umas & Outras (a primeira novela da Internet), as quais também dirigiu em parceria com Silvia Cabezaolias. Assina o roteiro da webnovela Alô Alô Mulheres na allTV, onde é diretor do núcleo de dramaturgia.
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