Novamente eleições. Escolas de toda cidade repletas de eleitores decididos, indecisos, confiantes e sentimentais. Pelo certo deveríamos estar concentrados na urna eletrônica, atentos ao voto, mas em meus pensamentos não conseguia nem lembrar os números dos candidatos. O que realmente mexeu comigo foram as lembranças de minha época escolar. Voto no colégio que estudei durante 10 longos anos de minha infância. As carteiras ainda estão do mesmo jeito, cor e tamanho; os murais com o velho pano verde cheio de recados dos professores e trabalhos dos alunos. As portas de madeira com uma janelinha quadrada de vidro onde todo mundo ficava olhando. Por uns instantes, cheguei a ouvir os gritos da professora Teresa com a galera do fundão. Nos corredores, informativos sobre cursos, eventos, campeonatos interclasses, quantas brigas... No pátio, antes descoberto com o sol quente e escaldante em nossas cabeças, hoje, com uma moderna cobertura removível azul e branca, nas cores do colégio. Os bebedouros nos mesmos lugares. Não resisti, tomei um belo gole d’água, mesmo não estando com sede. Aquela musiquinha no final dos intervalos, quantas saudades... A velha capela em que, nas aulas de religião, aprendíamos a rezar. Pelas andanças no colégio, as muitas histórias vinham à tona. Histórias de paixões por amiguinhas de classe, as colas em dia de prova, era aquele chororó quando a professora pegava. O chazinho da Dona Cida, que delícia! As festas juninas, dos pais, das mães quanta alegria! Vi alguns conhecidos que hoje já nem me conhecem mais. Outros faziam questão de me cumprimentar. Irineu. Grande Irineu! O inspetor preferido dos alunos. Conversamos por um bom tempo. Relembramos as duras que ele me dava. Sempre fui meio rebelde. Queria ter ficado mais tempo rememorando um passado marcante, mas percebi que já eram quase cinco horas da tarde. Daí lembrei: “tenho que votar!”. Nota do Editor: André Rosa é jornalista.
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