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SEÇÃO
Crônicas
01/12/2006 - 17h28
Sozinhos para sempre
Artur de Carvalho - Agência Carta Maior
 

No fim, vai ficar todo mundo sozinho. Pode ficar esperando. Não que isso seja ruim. Ficar sozinho tem até inúmeras vantagens, se compararmos com estar sempre no meio de um monte de gente. Quando a gente vai encontrar os outros tem que ficar pensando na roupa que vai colocar, quais assuntos conversar, quais assuntos não conversar e, especialmente, onde é que eu vou estacionar o carro. Encontrar os outros pode transformar-se num verdadeiro inferno, e ninguém tem que ficar agüentando essas coisas. Aliás, eu acho que a juventude de hoje em dia já está optando pela solidão. É claro que, quando a gente olha uma molecada andando em turma pelas ruas, fazendo aquela barulheira típica que as molecadas em turmas fazem, não é essa a primeira impressão que eles nos passam. Mas, se você reparar bem, vai perceber que eles não estão realmente ali, andando em turma.

Outro dia desses, passeando com minha mulher, eu vi uma coisa que mostra bem o que eu estou querendo dizer. Aliás, não fui nem eu quem viu. A gente passou por dois adolescentes, e aí minha mulher perguntou se eu tinha reparado naqueles dois. Eu não tinha visto nada de errado. Parei, olhei para trás, e lá estavam dois típicos adolescentes caminhando - um deles contando alguma história e o outro, aparentemente, ouvindo. Aí minha mulher apontou para o próprio ouvido e falou para eu prestar atenção em um dos rapazes. Aí eu reparei. O garoto que ouvia a história estava com um fone de ouvido, desses de mp3. Quer dizer, ele não estava ouvindo bulhufas do que o outro estava contando. Ele estava era ouvindo suas músicas, provavelmente com o volume no máximo, como todo adolescente gosta de fazer. Mas o mais interessante é que me parece altamente improvável que o rapaz que estava contando a história não estivesse vendo ali, aqueles fios saindo das orelhas do seu colega. Se nós vimos, oras, ele também estava vendo. Quer dizer, estavam ali, dois companheiros caminhando, um ouvindo suas músicas e o outro falando sozinho. Eles não estavam juntos. Eles não estavam próximos. Para falar a verdade, eu acho que eles não estavam nem ali, andando pelas ruas. Eles estavam em outro lugar. Sozinhos.

Mais ou menos nessa hora, tocou o celular da minha mulher. Não era nada de mais. Uma colega do serviço, parece, querendo combinar uma reunião para a semana que vem. Eu me sentei na sarjeta e acendi um cigarro. Sabe como é, mulher ao telefone.

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