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SEÇÃO
Crônicas
04/12/2006 - 11h00
Especulações
João Soares Neto - Agência Carta Maior
 

Esta crônica me leva a utilizar este finito espaço em caminhos de especulações recorrentes. Ouso argüir três aspectos complexos da vida de todos: o ser, o ter e o parecer.

O ser é a base. É onde ficam o país, estado, cidade, bairro, espaço em que se vive, o tipo de família que nos trouxe ao mundo; com raça, origem, categoria social e formou a base da educação, seja doméstica, formal pela escola, professores e colegas; informal ou social e no que o seu espelho e a consciência revelam e se aceita com ou sem questionamentos.

O ter é aquilo que se agregou a você, sejam bens materiais ou as bagagens profissional, cultural, intelectual ou científica desenvolvidas, a partir dos valores que acredita básicos para a sua existência. O ter é o que você não tinha e acredita possuir, como se seu fosse ou seu é, sendo.

O problema é que, entre o ser e o ter, existe o parecer. Algumas pessoas querem parecer o que não são e viver com o que não têm. É o mundo da aparência, do supérfluo em que uma camisa ou um vestido, por exemplo, é aceito não por sua qualidade intrínseca, mas por ostentar uma marca de significação para a imagem de quem usa. Um relógio, dando outro exemplo, deveria servir apenas para ler as horas, mas pode definir a posição social de quem, diferencialmente, ostenta uma marca famosa. Falo em objetos para não trafegar na senda perigosa da essência, pois aí o terreno é movediço. E ainda há os que usam coisas falsas imaginando que possam parecer verdadeiras para os outros. Ora, o que isso importa, se quem usa sabe que é imitação, cópia?

A sociedade e, por mais que não queiramos estamos nela envolvidos, cobra o ser, o ter e o parecer. O parecer é o reflexo, a imagem que os outros têm de nós, a partir de juízo de valor falso ou verdadeiro. É aquilo que se acredita poder ser fabricado com "marketing pessoal". O sair de casa, para mostrar-se ou ser visto, compensar o vazio de não poder ficar consigo mesmo e disso gostar. Algumas pessoas se acreditam ser o que os outros pensam ou dizem delas. Essas pessoas, certamente, ficam à cata do que se chama de validação. A validação é acreditar no que o outro diz para admitir-se ser aquilo. Não pesa, para o validado, a referência própria, aquilo que a sua essência profunda diz, mas o que lhe é soprado ou gritado em seu ouvido ou escrito a seu respeito.

Esse eterno questionamento entre o ser, o ter e o parecer passa, talvez necessariamente, pela maior ou menor capacidade de cada um se auto-avaliar e ver a auto-estima a partir da própria consciência ou razão. Mas, descubro ter começado um assunto que não cabe em crônica. Bem apropriado seria em ensaio ou tese para os quais, infelizmente, faltam-me engenho e capacidade. Como disse Chamfort: "há tolices bem vestidas como há tolos bem vestidos".

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