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Opinião
07/12/2006 - 10h39
Bakunin e os marxistas
Dartagnan da Silva Zanela
 

Já cansei de ouvir a balela de que o Partido dos Trabalhadores traiu os seus princípios e as bandeiras que historicamente foram os seus estandartes de luta. Cansei de ouvir e ler bravatas sobre a contaminação que esse partido “purista” sofreu com a dita política “burguesa”. O meu cansaço frente a essas ladainhas e lamúrias se deve a inúmeros pontos que se fazem vazios no discurso dos simpatizantes desta ideologia, mas, brevemente, me aterei a apenas dois deles.

O primeiro no que diz respeito a sua suposta traição frente aos macabros ideais socialistas. Bem, para o amigo que ainda tem esse sentimento a corroer as suas entranhas sugiro que procure se informar das atividades que são orquestradas pelo Foro de São Paulo, entidade esta que congrega todos os partidos e organizações canhotas da Latino América e que foi fundada no início da década de 1990 pelo nosso atual presidente da República, Fidel Castro et caterva. A documentação sobre a referida entidade se encontra disponível no próprio site do Partido dos Trabalhadores e as suas atas e demais deliberações disponíveis organizadamente no site Mídia Sem Máscara.

Ainda sobre este ponto, frisamos que, o que mudou na forma de atuação da esquerda não foi uma mudança quanto aos princípios, mas sim e unicamente de estratégia. Apenas aqueles militantes muito mais dotados de hormônios do que de uma predisposição a desenvolver sinapses mentais acreditam que só se chega ao cadafalso socialista através de barricadas e coisas do gênero. Por isso, recomendo, urgentemente, para todo aquele que queira compreender as ações da canhota brazuca e Latino-americana que leia as obras de V. Lênin (recomendação do próprio José Genuíno) e de A. Gramsci para assim melhor compreender a formação da casta dos revolucionários profissionais, da estratégia das tesouras, da ocupação de espaços e da revolução cultural.

Segundo ponto que gostaríamos de tecer alguns comentários é para o fato de essas viúvas do Muro de Berlim “pensam” o mundo como se a humanidade caminhasse univocamente para um destino de maneira uniforme e, que a maldita revolução só pode ocorrer a partir da correta observação dos pontos doutrinalmente estabelecidos nos Evangelhos segundo Marx que eles, na maioria conhecem apenas de ouvir falar. Mesmo após o amplo revisionismo que muitas escolas de intelectuais fizeram frente a tudo isso, estes ainda, mesmo que veladamente, nutrem as mesmas crenças, mesmo após um emaranhado de equívocos e, frente a tudo isso que eles pretensamente dão a alcunha de socialismo científico.

É tão científico que todas as suas tentativas de fazer acontecer o Éden socialista resultaram apenas na miséria socialmente distribuída. No Brasil atual, somente um cego não percebe isso sendo construído. Digo, somente quem é incapaz de perceber e compreender os acontecimentos serem desenrolados a médio e longo prazo.

Mas, como sempre, essa gente que nutre uma irascível fé em torno desta doutrina política despida de qualquer expressão resoluta e dedicada a compreensão, mais que depressa irão concluir que estas linhas seriam uma forma de heresia “neoliberal” ou “reacionária” contra o seu mantra materialista salvador.

Por isso, lembro aqui as palavras do filósofo anarquista (por infeliz coincidência, tradutor do Capital para a língua russa) Mikail Bakunin (1814 - 1876) que, de forma singular afirmava que: “O governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e por-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmo e a suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso, não conhece a natureza humana”.

Tamanha é a sanha destes indivíduos em transformar a natureza humana que pouco tempo acabaram por dedicar a compreensão dela, desconhecendo assim a natureza que pretendem, supostamente, melhorar. Tal é a incompreensão destes que pouco entendem do próprio movimento que eles fazem parte e julgam ser integrantes ativos e críticos e nós, obviamente, seriamos apenas alienados por não percebermos a doçura que eles dizem haver em seu fel.


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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