- Um, dois, três, valendo... Como não era você, João Antônio? - Não era... - Como não era? E aquela foto no site que cobriu o evento? - Que foto? - Como tu podes ser tão mentiroso João Antônio? - Eu mentiroso? Se não queres acreditar que eu estava com o pessoal do carteado e não nesta maldita festa, não acredita. Pronto! - E a foto João Antônio? E a foto João Antônio? O que tu me dizes? - Sei lá! Eu não posso julgar algo que eu não vi... - Conheço aquela tua camisa preta de longe, João Antônio. - Só eu tenho camisa preta no mundo... Só eu! Digo-te novamente em alto e bom som: eu não estava nesta festa que tu me acusas de estar! Eu estava com o pessoal do carteado no clube. Ponto final. - Tu és muito mentiroso, João Antônio. Que cara-de-pau, hein! - Não quer acreditar não acredita... Eu vi a foto e... - João, você falou antes que não viu a foto, agora está dizendo que viu. Não se contradiga... - Tens razão Adalberto. Deixe-me pensar... Melhor dizer que vi a tal foto, né? Melhor! Continuando... - Eu vi a foto e não dá para averiguar com precisão o rosto do cidadão que está com a camisa preta. Estou certo ou não estou? - Está João Antônio! E daí? - Então! Mesmo sem uma real prova, tu saíste me acusando... - Eu vou ligar para a Paulinha, ela estava nesta festa. - Se ligares o nosso noivado está acabado... - Chantagem numa hora dessas, João Antônio? Estás com medo que ela confirme que te viu na tal festa? - Ligou... Acabou. Tu escolhes? Por que não ligas então para o pessoal do carteado e questiona se eu não estava com eles até àquela hora? - João Antônio, tu achas que eu sou boba? Ligar para os teus cúmplices? Era só o que faltava... - Amor! Eu não estava nesta festa. E se estivesse, diga-me: o que eu faria lá? Quantas vezes será preciso dizer-lhe que tenho apenas olhos para ti? - Como vou saber que realmente tu não estavas na festa? Jura que não estava? - Tu não confias em mim mesmo depois desses anos todos juntos? Claro que juro! Juro pelo nosso amor! - Se eu descobrir que tu estavas nesta festa, tu vais ver o teu... Tu me paga! - Amor! Já falei que te amo, hoje? Vamos parar de brigar, vamos? Um beijo daqueles para decretarmos “paz”, por favor? ...Chega! Está ótimo. Podemos parar por aqui Adalberto. Obrigado! E aí Albuquerque, o que tu achaste do ensaio, da encenação? Convincente? Transpareci estar mentindo? E as feições do rosto? - Que atuação! Se eu não estivesse contigo, eu até acreditava que tu realmente não foste a tal festa... Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! - Ótimo! Ensaiado estou. Agora é só encarar a fera. Tchau pessoal! Obrigado novamente. Torçam por mim! Fui para a casa da minha noiva... Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista, escreve semanalmente para o site www.sulmix.com.br, e para diversos jornais.
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