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Crônicas
13/12/2006 - 21h34
O incrível exército de Brancaleone
Euclides Farias
 

O que um filme de Vittorio Gassman tem a ver com futebol? Aparentemente, nada. E com o Paysandu Sport Clube, rebaixado para a terceira divisão do campeonato nacional? Menos ainda. Passemos então ao imponderável para suspeitar que a vida imitou a arte, se é que isso de fato ocorre. Em “O Incrível Exército de Brancaleone”, ambientado na Europa do século XI, Gassman lidera maltrapilhos soldados que crêem ser possível tomar posse de rico feudo, superando toda sorte de adversidades. O time paraense foi à guerra com grupo assemelhado em técnica aos párias da comédia italiana.

No filme, sátira sobre os conceitos de honra e coragem dos cavaleiros medievais, Brancaleone, arremedo de Dom Quixote, marcha montado num pangaré, o “Aquilante”, negação do “Rocinante”, de Quixote. Sem enfrentar a peste negra, bruxas e bárbaros que cruzaram o caminho de Brancaleone, o Paysandu lutou contra inimigo real: seus próprios demônios.
 
Como na impagável cena em que Brancaleone e desafeto destroem uma plantação de trigo a golpes de espadas a esmo, sem acertar único e miserável golpe no oponente, o desastrado Paysandu esgrimiu contra moinhos que a sucessão de enganos de gestão criou. Nada diferente de boa parte dos clubes brasileiros, mas, para ele, fatal.

Tinha tudo para dar errado mesmo. À la Brancaleone, arregimentou exército de jogadores derrotados no campeonato carioca. O técnico do Papão – existirá apelido mais ironicamente apropriado? – vendeu a ilusão de que o feudo era conquistável. Eles acreditaram. Já no fim da guerra, humilhantes 9 a 0 fizeram o time depor armas e desertar, sem soldos, bravura e honra ao pacto de sangue jurado à causa.

- Soldados, só há uma coisa a fazer: fugir! – brada no filme o lugar-tenente de Brancaleone, ante o ataque de piratas sarracenos à ilha que intentavam dominar.

Sem cavaleiros em armas para a derradeira batalha, alistou às pressas garotos do Sub20. Não havia dinheiro sequer para pagar ônibus e treinar. Um dos meninos ganha a vida como lavador de carros nas ruas de Belém. Fora barrado em vários treinos porque não se alimentara. Não faltava mais nada: o Paysandu era, à imagem e semelhança, o incrível exército de Gassman. O ímpeto guerreiro produziu ilusória vitória na última jornada, mas a guerra já estava irremediavelmente perdida e não havia exército aliado de prontidão.

O Paysandu, feito Brancaleone, marcha agora rumo à terra prometida.


Nota do Editor: Euclides Farias é jornalista, 48 anos de idade e 25 de profissão, exercida em O Liberal, A Província do Pará, Agência Nacional dos Diários Associados e Rádio Cultura. Atuou, como freelancer, na Folha de S. Paulo e Jornal da Tarde.

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