Afinal, o que é preferível? Uma pessoa sensual ou erótica? Num primeiro momento a linha que separa as duas definições pode parecer tênue e as vezes até se confunde. Mas não deveria. Uma colega diz que prefere a sensualidade à erotização e explica de forma categórica que neste segundo caso: as pessoas ficam expostas como um pedaço de carne. Nos últimos anos temos visto uma certa banalização do sexo. Há pouco tempo a televisão mostrou uma matéria sobre os bailes funks do Rio de Janeiro, onde algumas mulheres iam sem calcinha com o propósito de fazer sexo nos chamados trenzinhos, de forma inconseqüente e insegura. Uma brincadeira arriscada que pode trazer sérios prejuízos físicos e emocionais para os participantes. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) metade das gestações é indesejada e uma a cada nove mulheres recorre ao aborto. No Brasil, os cálculos mostram que o índice de abortamento é de 31%. Ou seja, ocorrem aproximadamente 1,44 milhão de abortos espontâneos e inseguros com taxa de 3,7 para cada 100 mulheres. A gravidade da situação do abortamento também se reflete no SUS. Só em 2004, 243.988 mulheres foram internadas para fazer curetagem pós-aborto. A pesquisadora Celuy Damásio vê na banalização do sexo na mídia um possível elemento deformador da personalidade do adolescente. Ela aponta para o risco de a juventude deste início de século desenvolver sua sexualidade dissociada de conceitos como amor, carinho e afetividade. Apelar para a erotização não é o melhor caminho. Quem faz isso, quem abusa da erotização corre o risco de torna-se vulgar, ou, como diz a minha colega, pode transformar-se em um pedaço de carne na vitrine para quem quiser levar. A sensualidade, por sua vez, não é algo explicito. A sensualidade nada tem a ver com beleza física ou com a idade. Muitas pessoas, mesmo não sendo enquadradas nos padrões de beleza da mídia, exalam sensualidade. A sensualidade é um estado de espírito. Ela é mais positiva e faz parte do jogo de sedução entre os casais. Um olhar, um gesto, uma palavra, uma atitude de carinho, o modo de andar, de agir valem mais do que uma cinta-liga, uma jaqueta de couro. A sensualidade do olhar, o mais doce e penetrante, exprime o que é mais profundo. Toda pessoa tem seu encanto, sua sensualidade e pode e deve usá-la no jogo da sedução para apimentar e melhorar a sua vida sexual. Nota do Editor: Márcio Dantas de Menezes é médico, palestrante e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Sexual.
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