"Levas a plagas distantes, Feitos relevantes, Vives a brilhar" - Hino do Sport Club Internacional O Internacional faz parte da alma e da história do Rio Grande do Sul. Poucos estados ou regiões possuem uma relação de paixão tão forte com seus clubes como os gaúchos. A identificação imediata, começa ainda na infância de cada um e segue por toda a vida. O significado das conquistas ou derrotas dos gaúchos é muito forte. No Rio Grande não existe meio termo, seja na política ou em qualquer outra coisa, em especial no futebol. Não existe gaúcho que passe imune as paixões provocadas pelos dois grandes clubes nascidos em Porto Alegre. Até aqueles que não gostam muito de futebol, como meu querido Pai, tem sua preferência. Ele, Colorado, foi minha mais forte influência na escolha de minha paixão, o Sport Club Internacional. Assim, este 17 de dezembro de 2006 ficará marcado na memória de cada um, o dia que o Colorado, nosso amado Internacional atingiu, depois de 97 anos de existência, o lugar mais alto do mundo, o maior destaque de sua história, o título mais almejado por qualquer clube de futebol do planeta, o Campeonato Mundial de Clubes da FIFA. A conquista colorada tem apenas uma razão de ser, a sua apaixonada torcida. Uma torcida fiel, com alma, garra e acima de tudo paciência. Torcedores que até nos mais tristes momentos brindavam o clube com sua presença no Beira-Rio, com seu apoio ouvindo as transmissões de jogos por um velho rádio, buscando estimular um time que muitas vezes não correspondia a grandeza de sua paixão. Meninos que empunhavam suas camisas vermelhas, orgulhosos, até nos momentos de maior pesar, em meio a torcedores rivais que se vangloriavam de suas conquistas, enquanto somente tínhamos um passado distante, e muitas vezes não vivido, para nos consolar. Um dia, pensávamos, isto tudo vai mudar. Mudou. Colorados de todas as querências, o nosso dia finalmente chegou. Por um tempo até pensamos que a Conquista da América, tão grandiosa, tão difícil, tão penosa, era nossa redenção. Não sabíamos o maior presente que o destino nos preparava. Naquela noite, de 16 de agosto, ao som dos hinos do Rio Grande e do Colorado, quando alcançamos o triunfo da Libertadores, vi nos rostos dos torcedores no Beira-Rio, um choro compulsivo, como se nossa alma e nossa paixão fossem maiores que o nosso corpo. Simplesmente não conseguíamos mais segurar nosso grito, nossas lágrimas, nossa emoção. Naquela noite, gritamos por anos, choramos por décadas, nos tornamos os maiores. Naquele dia nada mais importava em nossa vida, todos éramos Campeões. O Internacional chegou a Tóquio como o grande azarão frente ao todo poderoso Barcelona, que trazia grandes estrelas do futebol mundial. Mas com o Colorado sempre foi assim. Suas conquistas sempre árduas, difíceis, sofridas, quando todos duvidam de nossa capacidade, tornam nossas vitórias ainda mais fabulosas. Foi neste momento que alma Colorada fez a diferença. O estádio de Yokohama parecia um campo de batalha. Não havia bola impossível, não havia jogada perdida. Uma epopéia de um time com alma portenha, com garra gaúcha. Pareciam guerreiros que vestiam um sagrado manto branco, que carregava pela primeira vez em um jogo internacional a mais nova estrela sobre o escudo, conquistada na Libertadores. Valentes, conscientes, disciplinados, predestinados. Quando finalmente o Barcelona caiu de joelhos frente aos obstinados gaúchos colorados, o mundo emudeceu para ouvir o brado gigante vindo das margens do Guaíba tomando conta do planeta. O mundo era, a partir daquele momento, vermelho. Enquanto todo o Colorado ouvia com orgulho os comentários sobre o grande feito de um clube de uma cidade ao Sul do Brasil chamada Porto Alegre, nossos bravos desbravadores e conquistadores levantaram com orgulho a Taça de Campeões do Mundo. Nosso maestro, nosso estrategista, nosso maior orgulho, o Presidente que levou o Internacional ao seu devido lugar no futebol mundial, Fernando Carvalho, se esvaía em lágrimas, como todos nós. Nossas lágrimas, que foram de tristeza e agonia, hoje são orgulho e glória. Hoje gerações inteiras de Colorados, avôs, pais, filhos, netos vivem a maior conquista do nosso glorioso clube, pois ele é o dono do Mundo. E que sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra! Nota do Editor: Márcio C. Coimbra é analista político. Habilitado em Direito Mercantil pela Unisinos. Especialista em Direito Internacional pela UFRGS. MBA em Direito Econômico pela FGV. PIL pela Harvard Law School. Mestrando em Ação Política pela Universidad Francisco de Vitória e Universidad Rey Juan Carlos, em pesquisa para Fundación FAES, em Madri, Espanha. Membro da The Mont Pèlerin Society, Instituto de Estudos Empresariais (IEE), International Association of Business Leaders (IABL-USA), do Conselho Acadêmico do Instituto Liberdade e do Conselho Consultivo do Instituto Federalista (IF). Colunista de jornais e sites brasileiros e estrangeiros. Autor da obra "A Recuperação da Empresa: Regimes Jurídicos Brasileiro e Norte-americano", Ed. Síntese - IOB Thomson (www.sintese.com). Editor-chefe do site Parlata.
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