Qual o maior anunciante do Brasil? Será a Coca-Cola, a Ambev? Talvez a Unilever, com todas as suas marcas? Ou as onipresentes Casas Bahia, com seu "quer pagar quanto?" Seriam as campanhas eleitorais, caso os horários fossem pagos? Só a que levou Lula à reeleição custou mais de 100 milhões de reais. Nada disso: o maior anunciante do Brasil, por incrível que pareça, é o governo federal. Em 2007, a verba a ser torrada em publicidade é de 412 milhões de reais. E, considerando-se que o governo não tem concorrentes nem vende nada, para que irá gastar tanto dinheiro - seu, meu, nosso dinheiro - em propaganda? Não, não estamos esquecendo as empresas estatais que disputam o mercado. Estas têm verbas próprias, além dos 412 milhões de reais. O Banco do Brasil tem quase 200 milhões de reais para gastar, muito mais do que o Bradesco - e o Bradesco, consistentemente, ano após ano, tem conseguido resultados melhores. Há meio milhão de reais para o Conselho Nacional de Justiça; há 400 mil reais para o Senado - como diria o poeta Ascenso Ferreira, "para que? Para nada". Que é que podem propagandear o Senado, ou o Conselho Nacional de Justiça? O Ministério da Defesa terá verba publicitária de meio milhão de reais. Seu principal problema, no momento, é a crise dos aeroportos. De que adianta gastar dinheiro, o nosso dinheiro, para explicar o inexplicável? As publicações sempre tiveram de conquistar o público, para depois conquistar anunciantes. A coisa parece agora mais simples: circulação, qualificação do público, número de leitores por exemplar, custo por telespectador, nada disso é muito importante. Com toda essa verba, basta apoiar o governo e seus políticos preferidos. A gente paga. E eles mandam.
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