O Natal está chegando e todos deveríamos aproveitar a ocasião para fazermos um balanço de nossas ações e de nossas omissões. Agimos de acordo com os princípios que defendemos e segundo os valores que nos orientam? Colocamos nossos interesses pessoais acima do amor pela Verdade? Fomos sinceramente caridosos ou utilizamos a caridade para construir apenas uma imagem? Fomos prepotentes ou humildes? Soubemos ouvir ou quisemos apenas falar? Fechamos os olhos diante de injustiças ou tentamos fazer a nossa parte? O Natal é uma data muito especial, que transmite um espírito de paz, harmonia e fraternidade. Está nas ruas. Está em toda parte. Mesmo os que tentam (conscientemente) secularizar o Natal, substituindo o FELIZ NATAL por um insosso BOAS FESTAS, são tocados, de uma forma ou de outra, pelo verdadeiro significado desta data. Pois Deus derrama Seu amor por todos, mesmo pelos que não acreditam Nele. Claro, quem é cristão deve compreender e respeitar as opções pessoais de quem segue outras religiões (com as devidas ressalvas, pois o Mal Absoluto deve ser absolutamente condenado), ou mesmo de quem prefere não acreditar em nada. Contudo, o respeito é uma via de mão dupla e é condição necessária para que possa haver diálogo saudável em vez de proselitismo barato. Em praticamente todas as relações que estabelecemos no nosso cotidiano, sejam elas pautadas por interesses (econômicos ou não) ou por laços afetivos, existe um elemento fundamental, que dá coesão à sociedade e às relações interpessoais. Esse elemento é a confiança. Sem confiança, não há economia. Sem confiança, não há amizade. Sem confiança, não há família. Sem confiança, não há direitos e não há deveres. É exatamente por isso que, em regimes totalitários ideocráticos, destrói-se a confiança e instaura-se o terror: qualquer um pode ser denunciado, preso e executado a qualquer momento. Mesmo os que não são dissidentes, vivem sob o medo do patrulhamento. Ora, o sentido último e transcendente de qualquer regime totalitário ideocrático é a destruição do livre arbítrio, a aniquilação das vontades, para a escravização física, moral e espiritual dos povos. Acabar com a confiança, portanto, significa destruir as interações voluntárias entre indivíduos livres e responsáveis, significa minar a própria liberdade de pensamento, para que os seres humanos sejam transformados em meras engrenagens, enganados e subjugados à pretensão de uma falsa soteriologia que conduz à destruição. Devemos prestar mais atenção, portanto, ao papel que a confiança desempenha em nossas vidas e em todas as nossas relações. Esta época do ano é um período propício para meditar sobre a confiança. Por que? Porque o Natal representa o nascimento de Deus em nosso meio humano. Deus se fez carne para habitar entre nós, mas Ele não veio já adulto, veio como um bebê. Deus se fez indefeso para habitar entre nós. Deus confiou em nós. Deus acreditou em nós. Amar-nos, uns aos outros, requer que aprendamos a confiar uns nos outros, assim como Deus confiou em nós. Para construirmos uma sociedade próspera, talvez possa ser suficiente que determinados objetivos sejam estabelecidos racionalmente e seguidos da melhor maneira possível. Porém toda prosperidade é efêmera se não for acompanhada da busca incessante pela virtude. Assim como não há verdadeira liberdade sem responsabilidade, não há verdadeira justiça sem virtude. O elemento de ligação entre a liberdade com responsabilidade e a justiça construída sobre uma base de virtude é exatamente a confiança. Que neste Natal assumamos o firme propósito de aprender a confiar mais uns nos outros, assim como Deus confiou em nós quando veio como um bebê frágil e indefeso. Ao fazermos o nosso balanço de ações e de omissões, preparando-nos para o Natal, tenhamos sempre a palavra "confiança" em nossas meditações e orações. Pois essa é uma das lições mais valiosas que Cristo nos deixou. Um Feliz e Santo Natal para todos! Nota do Editor: Claudio Téllez é Matemático e Analista Internacional, é chileno e nasceu na Alemanha (Bochum) em 7 de novembro de 1976. Colunista do site Mídia Sem Máscara desde 2003 e do site Ratio Pro Liberte desde 2004, atualmente desempenha a função de Vice-Presidente de Formação e Projetos no Centro Interdisciplinar de Ética e Economia Personalista (CIEEP), onde também escreve artigos e resenhas de livros.
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