"Não importa de onde você seja, em que cidade nasceu, em que bairro, estado ou que sotaque tem. Se você é brasileiro, você nasceu pra voar. E nós, a maior empresa aérea no Brasil, nascemos para tornar o vôo dos brasileiros mais gostoso, mais confortável e mais especial." - Texto institucional disponível no site da Tam
Na tarde de sexta-feira, 22 de dezembro, a situação no Aeroporto Internacional de Brasília espelhava um país instigante. De um lado, uma empresa privada trai a confiança dos consumidores, simplesmente deixando de entregar o que foi contratado. Do outro, milhares de pessoas lotam o saguão e a calçada do aeroporto de maneira passiva, aguardando a oportunidade de chegar ao seu destino. E o Estado, esse ainda não havia ocupado seu lugar. Um funcionário - o único acessível - informa que o Check In Express não funciona. Questionado sobre onde está o final da fila, ele diz não saber e aceita caminhar até lá. No longo trajeto, são poucos os que se arriscam a, mesmo diante de um representante da Tam, questionar detalhes sobre seu vôo. As pessoas olham, esperam e se frustram à medida que ele passa sem nenhum anúncio. Às vezes, com o sotaque de sua terra natal, surge um em busca de previsões. Mas, para qualquer pergunta, a resposta é "por favor aguarde na fila". Impotência - esta é a melhor expressão do que sente quem sabe que para passar o Natal em família terá que enfrentar horas em pé na fila, sem informação, sem água e sequer sem direito a ir ao banheiro - sob o risco de perder seu lugar. A opção disponível é cancelar o bilhete para adquirir outro, por outra companhia aérea. Mais uma fila, mais uma decepção: na loja do aeroporto é impossível dar entrada no reembolso da passagem, o que oferecem é o crédito para um novo bilhete. Desde quarta-feira (20), já circulava entre os jornalistas a informação de que a Tam praticou overbooking - fato que o Brasil inteiro espera que a Anac esclareça e rápido. Problemas técnicos com aeronaves, como alegado, poderiam ter sido solucionados de outra forma - locação, endosso e até mesmo cancelamento antecipado de vôos teria sido mais digno. Chuva forte e aeroporto fechado em São Paulo? Como dizia a música, moramos em um país tropical. Empresas aéreas que não sabem administrar cancelamentos e atrasos causados por condições climáticas devem investir em outro setor. Deixei o aeroporto com um bilhete da Gol para domingo 24, que pagarei até junho de 2007 em seis parcelas no cartão de crédito e a indignação de viver em uma terra de ninguém. A Tam diz em seu slogan: "Você nasceu para voar". Uma boa resposta a ele é: aviões vazios não levantam vôo. Nota do Editor: Carla Furtado é jornalista. Deixou de voar na sexta, 22/12, em vários vôos da Tam que não decolaram no horário.
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